Com milhares de devotos e seguidores em todo o Planeta, o guru brasileiro Prem Baba, esteve por uma semana em Rio Branco, no Acre. Além de ter participado de trabalhos espirituais no Alto Santo, ponto de nascimento da Doutrina do Santo Daime, o guru também se encontrou com vários políticos no Estado. O autor do livro Amar e Ser Livre, um best-seller que já vendeu mais de 50 mil exemplares, deu uma palestra (satsang), a convite do governador Sebastião Viana (PT), para o seu secretariado. Também se encontrou com o deputado federal Major Rocha (PSDB), vice líder do Governo Temer (PMDB), e o deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB). Conversou com os parlamentares sobre o papel do Congresso Nacional para fazer as reformas políticas e fiscais necessárias para o país superar as dificuldades que atravessa. Em todos esses encontros, Prem Baba, sempre colocou como ponto primordial a necessidade de mudanças na consciência humana para a superação das crises políticas e econômicas.
Apesar do principal objeto do guru brasileiro ser a espiritualidade, a política tem merecido a sua atenção. Prem Baba está empenhado em despertar a consciência dos nossos representantes para tornar o autoconhecimento uma política pública de alto alcance. E a chave para disseminar essa filosofia é a meditação, uma técnica de autopercepção interior, que não envolve religiosidade, e que poderá ser aplicada no sistema educacional brasileiro. Assim, Prem Baba, quer cumprir a missão que recebeu da linhagem espiritual do seu mestre indiano Maharaj Ji de despertar o conhecimento do mundo interior nas pessoas em todos os lugares.
Prem Baba tem tido encontros “casuais” com homens públicos de diferentes partidos e ideologias por onde passa. Para ele o importante é restabelecer a conexão da política com o seu objetivo primordial de gerar bem estar social, paz, prosperidade e transformações humanas. Sonha com a política como um importante instrumento social alinhado com os mais elevados propósitos de valores da humanidade para transcender o ego e a vaidade pessoal que geram a corrupção e, consequentemente, a decepção e o sofrimento de milhões de pessoas.
Um bate-papo à luz do conhecimento
Conversei por cerca de uma hora com Prem Baba, num hotel de Rio Branco, sobre o momento delicado que o Brasil e o Planeta atravessam. Leia a entrevista na íntegra.
AC24horas – A gente vive uma crise política no Brasil com graves consequências na economia. Como Mestre Espiritual qual a sua visão sobre esse momento delicado no Brasil e no Mundo? E quais os caminhos que as pessoas devem trilhar para não sofrerem tanto com toda essa situação?
Prem Baba – Nós estamos atravessando, utilizando a linguagem do hinduísmo, um nódulo karmico. O planeta está num momento de transição que pode nos levar do medo à confiança, do egoísmo ao altruísmo, de um estado de separação à experiência da união. Mas existem apegos às velhas formas que estão gritando. Existe uma intensificação desses condicionamentos e estruturas mentais ultrapassadas que estão sendo convidadas a sair de cena. É um momento para revermos as nossas crenças e os nossos valores. Estamos constatando que as nossas escolhas e decisões, até então, têm nos levado a um lugar que conscientemente nós não queremos estar. Existem erros e equívocos que afetam a vida na sociedade planetária. Essa crise global é um sintoma que tem um denominador comum, de confusão, de falta de sentido, de falta de referência, de falta de valores e de falta de moral. Mas esses sintomas têm características próprias de acordo com os lugares. Essa crise global se manifesta em cada país ou em cada cidade de uma maneira muito especifica. Mas posso afirmar que essa crise global é eminentemente espiritual. Esse conjunto de sintomas se manifesta no desequilíbrio climático, com todos os desdobramentos no meio-ambiente, a crise econômica gera sofrimento aos trabalhadores, a falta de valores provoca a intolerância pelas diferenças e a explosão de violência em todos os lugares. São inúmeros os problemas. Tudo isso tem um denominador comum que é a desconexão com a espiritualidade e com a interioridade de cada um. Então todas essas manifestações partem de escolhas e decisões a partir do ego adoecido. Estou falando de conhecimentos que não foram utilizados sabiamente pelo ser humano nesse atual estágio da sua evolução, que ainda não aprendeu sobre o poder da mente. Os poderes descontrolados estão levando a raça humana a um colapso. Precisamos aprender a conduzir o nosso corpo e a nossa mente. A lidar com o nosso ego para tê-lo sob o nosso domínio e não ele nos dominando. Sinto que chegou um momento muito especial para a raça humana, ou acontece um despertar coletivo, ou a raça humana está fadada a desaparecer como espécie. Sei que é muito forte, mas é assim que estou sentindo.
A diferença entre espiritualidade e religiosidade
ac24horas – Prem Baba você fala da espiritualidade e da necessidade de conexão. Mas existem dois conceitos que são muito próximos e que as pessoas confundem, a espiritualidade e a religiosidade, que acaba sendo também um instrumento de intolerância e fundamentalismo, às vezes, utilizado por uma política conservadora. Qual a diferença entre espiritualidade e a religiosidade?
Prem Baba – A espiritualidade é laica. Existem religiões que são espirituais e existem outras que não são nem um pouco espirituais. A espiritualidade diz respeito a uma dimensão mais profunda da vida e à realidade maior de quem somos. Espiritualidade une e tem como elemento central o amor a todos. Por que eu digo amor? Ao estudar o Ser profundamente encontramos o amor como uma fragrância daquilo que realmente somos. Já a religião é um sistema criado pela mente humana para atender uma necessidade social. Existe um conjunto de dogmas que determina como as pessoas devem seguir na vida. E muitas vezes esses dogmas não são pautados na verdade, mas em crenças estabelecidas por alguém, em algum momento. Se a pessoa tem aquela religião fica obrigada a seguir um conjunto de regras dogmáticas, mesmo que ela não considere que aquilo seja verdade. É assim que funciona. Muitas vezes esse conjunto de dogmas é diametralmente oposto aquilo que a pessoa sente. Isso desenvolve culpas, sentimentos de impotência, de inferioridade e de mecanismos nocivos. Nem sempre uma religião é algo positivo para a evolução da consciência humana. A religião, em alguns casos, pode ser exatamente aquilo que está impedindo a pessoa de evoluir espiritualmente. Em algum momento da jornada para o desenvolvimento espiritual e o despertar dos valores humanos será preciso se libertar dos dogmas religiosos.
O momento do Brasil
ac24horas – Tivemos muitas mudanças políticas no Brasil, em 2016. Algumas dividiram os brasileiros. A presidente Dilma (PT) que sofre um processo de impeachment, o Temer (PMDB) que assumiu a presidência interinamente. Para onde esse quadro político conturbado poderá levar os brasileiros?
Prem Baba – Considero essa situação política no Brasil como um sintoma da crise planetária. Aqui esse sintoma está se manifestando através da corrupção e da falta de clareza de como administrar os bens públicos. Obviamente isso é um reflexo de como nós brasileiros administramos a nossa própria vida. Nós fomos muito descuidados em relação a política. Por exemplo, falando de mim mesmo, com essa crise toda passei acompanhar um pouco mais os debates na Câmara dos Deputados e no Senado. Tomei consciência de como é serio um voto. Também sou responsável por tudo isso que esta acontecendo, sou co-criador disso porque, muitas vezes, o brasileiro vota sem consciência. Esses sintomas estão fazendo com que nós brasileiros acordemos para as suas causas. Os sintomas vêm de uma doença que precisa ser tratada. No momento, teremos que tratar primeiro dos sintomas porque chegamos num estado crítico e temos que arrumar a casa de alguma maneira, com ou sem impeachment. Depois teremos que entrar fundo para curar as causas que nos levaram a isso. Uma reforma política, um novo sistema fiscal, uma reforma completa na gestão da coisa pública. Nós estamos seguindo um modelo muito antiquado que não nos serve. Se o atual sistema capitalista não nos serve mais, imagina o sistema de gestão? Precisamos abrir espaço para um nova política, para uma nova maneira de conduzir a vida pública, assim como precisamos de uma nova maneira de conduzir a nossa própria vida. Tenho falado de um novo casamento, de uma nova educação, de uma nova saúde. É preciso uma mudança de paradigma a partir de uma nova consciência que constrói e une, não destrói e nem gera mais ódio e mais separação, mais vingança e mais medo. Temos que por fim nesse ciclo do amor imaturo, do sadomasoquismo. Temos que fazer com que as nossas escolhas possam gerar um mundo melhor para a gente viver e não sermos canais de destruição. Mas tudo isso só é possível se nos conhecermos. É como se tivéssemos conduzindo um carro. Se a pessoa não conhece o carro acaba caindo num abismo ou batendo num poste. É preciso aprender a dirigir o carro, a saber usar a sua mente, lidar com a emoção, o sentimento. É preciso aprender como seu ego funciona, qual a mecânica por trás dele. Porque se não tiver esse conhecimento será dominado pelo ego. Se você não conhece o seu ciúmes, o seu ciúmes faz de você o que quiser. Se não conhece a sua inveja ela faz de você o que quiser. Infelizmente, nós temos muitos políticos atualmente que não têm a menor noção de como é esse carro que está conduzindo. Não sabe lidar com seus impulsos e com a sua sombra. E isso acaba se manifestando no dia a dia e no relacionamento com os seus pares e na própria criação de leis inadequadas. Aí acontece o que a gente está vendo. Essa corrupção desenfreada, escolhas baseadas unicamente no egoísmo e na proteção de interesses pessoais com consequências nefastas para a toda a nossa sociedade.
O despertar do autoconhecimento
ac24horas – Prem Baba a gente sabe que você tem encontrado muitos políticos. Como o governador Marcondes Perillo (PSDB), de Goiás, o Sebastião Viana (PT), no Acre, o Rodrigo Rollemberg (PSB) no Distrito Federal. Tem conversado com diversos gestores de diferentes partidos e ideologias. Qual a motivação de manter esse diálogo constante com os políticos?
Prem Baba – Eles estão no comando da coisa pública e têm uma responsabilidade gigantesca. Estou comprometido em colaborar com esses políticos mostrando que a única saída para fazerem aquilo que vieram fazer é se conhecendo. Estou dizendo que o autoconhecimento é o caminho para a raça humana e precisa ser divulgado em larga escala, se tornar uma política pública. Tem que haver uma massa crítica de pessoas conscientes. Vamos supor que o Congresso Nacional tenha cinquenta por cento dos deputados e senadores meditando. É possível que dali nasça alguma coisa positiva alinhada com aquilo que no Oriente chamamos de Dharma, a lei universal, o caminho do amor que constrói e traz paz, prosperidade e alegria para todos. Estou propondo criar uma cultura de paz e prosperidade, mas isso só é possível se houver autoconhecimento. Tenho dito isso para os políticos com quem encontro. O poder da meditação, a importância de aprender conteúdos superiores e lidar com emoções e sentimentos. Como transformar o lado escuro para que não aja à revelia da consciência e crie essas misérias que estamos vendo. Porque se os nossos políticos não conseguem lidar com a raiva e a vingança isso vai acabar se manifestando descontroladamente. Por exemplo, se uma pessoa não tem consciência da raiva que sente da esposa, vai machuca-la, sem perceber, vai fazê-la se sentir inferior. E essa é uma forma de exercer a raiva, de roubar energia dela, de manifestar um sentimento que não conhece. Na realidade, a falta de autoconhecimento faz com que as pessoas ajam à revelia da vontade consciente.
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