A recente desinteligência no PSDB entre os caciques tucanos Major Rocha e Marcio Bittar expõe mais do que uma rixa partidária: ela aponta, da forma mais deplorável possível, ao desarranjo de uma oposição fragmentada, desnorteada e sem – é preciso ponderar – projeto algum para o Acre.
Pois na medida em que os partidos oposicionistas priorizam o seu protagonismo nas eleições, sem acenar, como acontece agora, com a unidade necessária para derrotar o adversário, e expondo fragilidades que decorrem, muito provavelmente, de interesses pessoais de seus representantes – esse fato leva à conclusão de que não há projeto de governo capaz de convencer o eleitor, ávido por mudanças.
Convidado a deixar o PSDB pelo presidente da sigla, Marcio Bittar foi prontamente assediado por Flaviano Melo e Vagner Sales. Acontece que o ex-deputado já foi comensal de ambos, tendo sido eleito deputado estadual e depois federal pela legenda, a qual abandonou assim que vislumbrou a possibilidade de seguir carreira-solo, escolhendo o PPS para protagonizar sua primeira tentativa de chegar à prefeitura de Rio Branco, em 2004.
Fracassada essa tentativa de protagonismo, que lhe rendeu ainda uma derrota para o governo estadual em 2006, Bittar transferiu-se ao PSDB, sob as bênçãos de Tião Bocalom, a quem haveria de apunhalar a ponto de alijá-lo do partido após as eleições de 2010.
Como a justiça vem a galope, Bittar é quem está sendo convidado agora a deixar o ninho tucano.
A essa incapacidade dos oposicionistas de conviver em harmonia, devido aos interesses individuais envolvidos na relação, o hoje senador Jorge Viana já havia definido, de forma precisa, que a oposição acriana não passa de um “balaio de gatos”.
Com a conjuntura política a separar os partidos oposicionistas nos principais colégios eleitorais do Acre – e também nos menos importantes – os dirigentes partidários do PSDB, PMDB, PP, PSD e DEM municiam os petistas, que voltam à carga.
Enquanto o PSDB e o PMDB não se entendem em Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Sena Madureira – só pra citarmos os colégios eleitorais mais importantes – o PSD e o DEM pulverizam apoios nos municípios de acordo com as conveniências de cada um.
Num momento de grande fragilidade do PT – enredado em graves denúncias de corrupção e despojado do governo federal – a oposição acriana age sem a mínima sinergia, desgastando-se em arengas internas ou refém de sua incapacidade de entendimento.
Isso certamente explica, em grande parte, o longo jejum a que foi submetida.
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