Brasil não atende expectativa e empata com África do Sul
Por
O GLOBO
Os ensaios foram bem feitos, mas a prática não funcionou. Na abertura dos Jogos Olímpicos e diante de uma torcida impaciente em Brasília, a seleção brasileira de Rogério Micale parou na África do Sul. Nem mesmo um terço do jogo com 11 contra 10 foram suficientes, e o Brasil ficou no 0 a 0 nesta quinta-feira.
Incumbido de liderar o time, Neymar chamou a responsabilidade enquanto Gabriel e Gabriel Jesus tiveram jornadas apagadas. Mas, muito fominha, atrapalhou o time em alguns momentos. Em outros, foi o mais perigoso, mas esbarrou em dia inspirado do goleiro Itumeleng Khune.
Absolutamente frustrante diante da expectativa com o time, o bom desempenho em treinamentos e amistosos, o resultado deixa o Grupo A em aberto, já que Iraque e Dinamarca também ficaram no empate sem gols. A seleção volta a jogar no próximo domingo, também em Brasília, diante dos iraquianos.
Principal referência da seleção brasileira, Neymar chamou a responsabilidade até em excesso. Em muitos momentos, principalmente da etapa inicial, o atacante prendeu a bola e sofreu com desarmes sul-africanos. Mesmo assim, Neymar também ajudou em lances de grande perigo. Foram quatro boas finalizações de fora da área que o goleiro Khune, um dos três acima de 23 anos do rival, conseguiu conter.
Experiente, o goleiro do Kaizer Chiefs se mostrou firme. No primeiro tempo, fez duas defesas importantíssimas em conclusões de Neymar. Na etapa final, além de orientar os defensores de seu time, se manteve firme. Não hesitou em nenhuma bola e teve sorte na melhor chance brasileira. No final, irritou a torcida com cera em duas ocasiões.
O atacante do Palmeiras pegou pouco na bola e foi a figura mais apagada do setor ofensivo. Em meio a zagueiros mais fortes e com poucos espaços pelo chão, Jesus não conseguiu usar suas melhores características, a velocidade e o drible. Gabriel lutou bastante, mas perdeu a chance mais clara de gol, aos 24min: sem goleiro, acertou a trave.
O que foi treinado não funciona bem
A ideia de jogo da seleção brasileira de Rogério Micale não foi bem executada. Sem muitas inversões de bola, sem triangulações e sem o que o treinador chama de “jogo de apoio” em vários momentos, foi mais difícil ameaçar uma África do Sul bem arrumada e que deu poucos espaços. As melhores chances até a expulsão de Mothobi Mvala foram com duas conclusões de Neymar da entrada da área. Depois, com 11 contra 10, o time melhorou com as entradas de Rafinha e Luan. Levou mais perigo, girou mais a bola e encontrou brechas, mas não foi suficientemente competente.
Entre os três jogadores acima dos 23 anos, Renato Augusto fez parte do que se espera dele no quesito experiência. Girou a bola, orientou a equipe e deu equilíbrio ao time. Mas, fisicamente, parece muito distante do jogador que foi destaque no Campeonato Brasileiro 2015. Lento, em especial no segundo tempo, caminhou em campo e foi substituído aos 20 minutos da etapa final. A melhora com Rafinha Alcântara foi clara, com um jogo mais rápido.
Micale assiste ao jogo impaciente e aposta em quatro atacantes
O treinador brasileiro acompanhou praticamente toda a partida à beira do gramado, chamou atletas para conversas, mas o funcionamento do time só melhorou quando Mvala foi expulso. Com um time bastante ofensivo, faltaram opções de ataque no banco. Mesmo assim, Luan foi acionado e logo depois Rafinha, o que deu mais dinâmica ao time. Ele ainda apostou em Willian na lateral direita e trouxe Zeca para a esquerda, mas ficou no 0 a 0.
Owen da Gama organiza defesa e cria bons contragolpes
O sistema defensivo da África do Sul deu grande trabalho ao Brasil, que não conseguiu triangular passes em vários momentos. A exemplo do que havia prometido na véspera, o treinador teve no meia-atacante Keagan Dolly seu jogador mais criativo e conseguiu ameaçar Weverton em contragolpes. O goleiro, substituto de Fernando Prass, não foi 100% seguro, mas conteve as ameaças.
Torcida “paciente”
A torcida brasileira apoiou o time durante boa parte do jogo, mas teve momentos de pressão sobre os atletas sub-23. O time foi vaiado no intervalo, durante a etapa final e também depois da partida.
Opinião dos blogueiros
Mauro Beting:“Se viu pouca bola. Poucas ideias e mais uma decepção.”
Juca Kfouri: “Pesadelo no sonho de ouro. E Neymar será o culpado.”
Perrone: “África do Sul jogou mais do que se esperava. E o Brasil muito menos.”
FICHA TÉCNICA
BRASIL 0 X 0 ÁFRICA DO SUL
Local: Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF)
Data: 4 de agosto de 2016, quinta-feira
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (ESP)
Assistentes: Pau Cebrian Devis (ESP) e Roberto Díaz Pérez (ESP)
Cartões amarelos: Thiago Maia e Marquinhos (Brasil); Mvala e Mathoho (África do Sul)
Cartão vermelho: Mvala (África do Sul)
BRASIL: Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos (William); Thiago Maia, Renato Augusto (Rafinha Alcântara) e Felipe Anderson (Luan); Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar
Técnico: Rogério Micale
ÁFRICA DO SUL: Khune; Mobara, Mathoho, Coetzee e Modiba; Mvala, Mekoa e Motupa; Masuku (Moris), Mothiba e Dolly