A grande questão destas eleições é saber se o atual prefeito Marcus Viana contará, em seu palanque, com a presença do governador Sebastião Viana.
Assinala o bom senso que este último tenha uma participação discreta na campanha de Marcus, visto que de grande cabo eleitoral no primeiro mandato se transformou numa figura cuja presença pode desencorajar o eleitorado.
Figura decorativa no governo, Sebastião decretou o fim do próprio mandato quando expôs, em entrevista em fevereiro deste ano ao jornalista Altino Machado, que abandonaria a política assim que deixasse o cargo, em 2018.
De lá pra cá, praticamente recolheu-se às atividades protocolares do gabinete como quem foge das ruas, evitando confrontar-se com a realidade de um desgaste inédito para um mandatário da Frente Popular.
Além disso, a revelação feita por Sebastião de que se prepara pra pendurar as chuteiras arrefeceu o ânimo de um time outrora já criticado – graças à indolência – pelo irmão senador. A lei do menor esforço encontrou a guarida necessária para se transformar em esforço algum. E o governo de Sebastião é, por essa e outras razões, um exemplo de ineficiência.
É claro que a crise econômica acertou em cheio uma equipe de governo outrora inclinada a gastar muito para fazer pouco. O aperto no orçamento expôs da pior forma possível essa tendência – que passou a ser de gastar o suficiente para não render coisa alguma.
E como o cidadão não é trouxa, essa realidade se impõe em forma de insatisfação popular.
Entrincheirado no gabinete, Sebastião Viana pouco aparece ao lado do pupilo Marcus Viana, a despeito de ter ido a Tarauacá prestigiar o afilhado Rodrigo Damasceno. Muito provavelmente os números da avaliação do governo, por lá, são bem menos drásticos que os da capital.
Órfão de um cabo eleitoral forte me Rio Branco, Marcus Viana deverá também evitar mostrar-se, como já fez, ao lado da presidente afastada Dilma Rousseff, apontada por sete em cada dez brasileiros como a grande responsável pelo petrolão e pela crise que se abate sobre todos nós.
O discurso do golpe também estará fora do repertório do jovem prefeito petista. E a estrela vermelha deverá por bem ser abolida.
Quanto ao ex-presidente Lula, será de bom alvitre que não figure nas peças publicitárias de campanha. É outro que pode minar as bases de Marcus Viana.
Restará a percepção de que o prefeito está por conta própria. Se for reeleito, deverá muito do resultado a si mesmo, ao contrário do ufanismo alheio resultante de sua primeira eleição.
Sim, os tempos são outros para o PT.
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