O vice-presidente do Senado, senador Jorge Viana, coordenou a comitiva brasileira que foi à China participar do seminário sobre a construção da Ferrovia Bioceânica, também conhecida como Transoceânica. O evento, promovido pelo governo chinês em parceria com a empresa chinesa de engenharia China Railway Eryuan Engineering Group (Creec) – responsável pelo estudo de viabilidade da obra -, reuniu técnicos do Brasil, China e Peru para discutir a importância estratégica e as condições de execução dessa ferrovia que pode atravessar o Brasil até os portos peruanos, ligando o Atlântico ao Pacífico.
Os estudos realizados até o momento e apresentados pelos empresários chineses no seminário apontam que a obra é viável e pode ser construída em nove anos. A China já desembolsou R$ 200 milhões neste levantamento, porém ainda é necessário estudar os custos da construção, em especial na Cordilheira dos Andes.
Jorge Viana diz que fez questão de levar para o debate a importância dessa ferrovia para o Brasil, especialmente para a Amazônia. Primeiro por se tratar de uma infraestrutura mais sustentável quando comparada às rodovias. Segundo porque ela pode abrir uma oportunidade de negócios com o mercado asiático, hoje um dos maiores do mundo.
“Vale lembrar que essa nova infraestrutura na Amazônia e no Centro-Oeste pode ser fundamental para que a gente possa consolidar uma política de desenvolvimento sustentável, fazendo uso sustentável da biodiversidade, tendo um aproveitamento muito forte do que o Acre desenvolve na produção de pescado, na agropecuária e também a partir do uso dos conhecimentos das nossas florestas”, defendeu o parlamentar.
Jorge Viana reconhece que o interesse do governo chinês em criar uma alternativa de escoamento de produção ao Canal do Panamá, hoje sob domínio do governo norte-americano, é o grande diferencial para realização desta obra. O país custeia os estudos de viabilidade em parceria com o governo brasileiro e tem interesse no seu financiamento.
Os encontros com as delegações dos três países foram realizados nas cidades de Pequim, ChingDu e Xangai, e incluíram além de debates, visitas aos laboratórios de testes e às ferrovias chinesas, inclusive o maior trem bala do mundo, que liga Pequim a Guangzhou.
Hitórico – A proposta de uma ferrovia ligando o Brasil ao Oceano Pacífico foi anunciada em um acordo entre os governos brasileiro, chinês e peruano no ano passado. A ferrovia terá quase 5 mil quilômetros de extensão. O traçado começa por Goiás e cruzará a Cordilheira dos Andes, a 2.050 metros de altitude, até chegar a Bayovar, no norte do Peru. A previsão é que pela Ferrovia Transoceânica sejam escoados 23 milhões de toneladas, podendo chegar a 53 milhões de toneladas em 25 anos, especialmente de grãos, fertilizantes, contêineres e minérios.
No Congresso Nacional, Jorge Viana é um dos coordenadores da Frente Parlamentar Mista Pró-Ferrovia Bioceânica, que reúne deputados federais e senadores que atuam no acompanhamento e discussão dessa importante obra. Além de reuniões com autoridades brasileiras e chinesas, a comissão já realizou diversas audiências públicas, a última delas a pedido do senador acreano na Comissão de Infraestrutura, que contou com a presença de parlamentares e técnicos dos três países. “É um sonho, mas a ferrovia tem potencial e com contribuição dos governos brasileiros e peruanos pode sim se tornar uma realidade”, declarou Viana.
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