Dizem que a picada da mosca azul inebria as vítimas. Seu vírus parece ter sido inoculado no PMDB do Acre tão logo Michel Temer chegou à Presidência da República.
De mero coadjuvante em outras eleições, o partido de Flaviano Melo força agora um protagonismo incompatível com suas forças, como resta demonstrado pelas decisões que afastaram os tucanos da aliança PMDB-PP.
Marcio Bittar seria o candidato a vice que qualquer um gostaria de ter. Qualquer um menos, ao que parece, o PMDB. Na cúpula partidária, fez-se pouco caso do oferecimento, como se Bittar fosse um vice de segunda linha.
O resultado é que Eliane Sinhasique perdeu a chance de figurar ao lado do tucano, para continuar abraçada ao ex-vereador Allison Bestene.
Algumas conjeturas podem fornecer a chave para o entendimento da resistência ao nome de Bittar. A primeira é que ele seria um vice a ofuscar a candidata. A segunda é que poderia afastar da aliança o PP. A terceira é que a costura dependia da concordância do presidente do PSDB, deputado Major Rocha, que condicionou a aliança ao jogo em Cruzeiro do Sul, onde quem manda é Vagner Sales. A quarta e última ilação remete ao começo deste texto.
Como não houve esforço algum por parte do PMDB em conversar sobre tal possibilidade, é de se intuir que a turma de Flaviano anda agora de salto alto.
Afinal de contas, cargos na estrutura do governo federal não lhes faltam. Uma candidata com chance de vencer o PT é no que eles querem acreditar. Então por que, afinal, dar espaço aos tucanos?
Reviver Bittar em um jogo do qual se beneficiaria também o Major Rocha parece ser a questão central de tanta indiferença. Isolar-se no jogo com o PP de Gladson parece a coisa certa a fazer quando se quer evitar aliados fortes, que no futuro sejam capazes de disputar os espaços de poder.
O problema é que as regras ora impostas por Flaviano Melo relevam um aspecto essencial da questão: não se pode dividir o que não se tem.
Antes de se pensar na divisão – equitativa ou não – do bolo é preciso que o bolo exista.
E resistir em partilhar despojos antes mesmo de conquistá-los é uma declaração inequívoca de que a noção de estratégia está ofuscada pelo egoísmo.
A imagem que fica da peemedebista Eliane Sinhasique é que ela, do alto dos seus saltos, teme ser envolvida pela sombra do ex-deputado Marcio Bittar. E a de Flaviano a do político que se recusa a partilhar o poder antes mesmo de conquistá-lo.
No livro dos Provérbios está escrito que “a soberba precede a desgraça, e o orgulho precede a queda”. Ocorre que pra cairmos é necessário, antes, termos chegado ao alto.
O PMDB se inclina à queda antes mesmo da ascensão.
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