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Resultado da perícia pode causar reviravolta no caso de jovem morto na Boate

Por
Jairo Carioca

O policial Victor Campelo foi o responsável por atirar no estudante de odontologia Rafael Frota

O laudo do Instituto Médico Legal de exame cadavérico de Rafael Frota, jovem falecido após ser atingido por um disparo no abdômen durante uma festa na Boate Se7 Club no último dia 02 de julho, revela que o projétil atingiu a vítima de baixo para cima no sentido de anterior (pela frente) para posterior. Assinado pelo médico legista Paulo Jesus, o documento pode causar uma reviravolta no caso em que o Policial Federal Victor Campelo é o principal acusado de efetuar o disparo que provocou a morte de Rafael.


A informação oficial contradiz ao que foi divulgado até aqui, pela família da vítima. Gutenberg Frota, pai de Rafael, disse em entrevista à imprensa que o seu filho tinha sido atingido pelas costas, numa distância de 4 a 6 metros. Imagens do laudo que revelam grande zona de queimadura de pólvora no local de entrada do projétil indicam, segundo a defesa do Policial Federal, que o disparo foi efetuado à curta distância.


PARA ENTENDER O CASO:


No dia 2 de julho após uma confusão no interior da boate Set Clube, na Rua Marechal Deodoro, no Bosque, em Rio Branco, o jovem Rafael Frota, acadêmico de odontologia, foi atingido por um tiro no abdômen, vindo à óbito após ser submetido a uma cirurgia no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco. Outros dois jovens que também foram atingidos pelos disparos, mas não vieram à óbito. Desde o registro da ocorrência que o policial federal Victor Manuel Fernandes Campelo foi identificado como o autor do crime.


Dois dias depois do ocorrido – fato que provocou grande comoção social e repercussão na mídia – o pai de Rafael, Gutenberg Frota, deu declarações à imprensa afirmando que em conversa com peritos do Instituto Médico Legal, eles teriam revelado que seu filho (Rafael) estava a pelo menos de 4 a 6 metros de distância quando foi atingido pelo projétil. A bala, teria penetrado Rafael pelas costas, atingido o baço e a veia aorta vindo a sair pelo abdômen, provocando uma hemorragia interna.


Para o advogado de Victor, Wellington Frank da Silva, tal perícia que a família da vítima afirma existir não levou em consideração o três exames de corpo delito feitos em seu cliente e o exame cadavérico feito em Rafael Frota. “Diante dessas declarações a defesa está sendo obrigada a fazer vários procedimentos para poder ratificar informações importantes nos autos do processo”, disse o advogado.


A tese, segundo Wellington, “não é de negativa de autoria”. Seu cliente afirma que efetuou os disparos em legitima defesa. Com base no laudo cadavérico, o advogado destaca outro dado técnico que é conhecido como tiro duplo policial.


“Ele [o policial federal] não atirou aleatoriamente como dizem na imprensa, mas efetuou tiro técnico em alvo de pessoas que estavam o atingindo. Ele tem automatizado em sua memória muscular o tiro duplo quando o alvo está próximo”, acrescentou Wellington.


Nas imagens do laudo do IML,  a defesa de Victor afirma que é possível observar uma grande zona de queimadura de pólvora no local de entrada do projétil, o que indica, segundo o advogado, disparo à curta distância.


Ainda de acordo a defesa, as investigações apontam que Rafael Frota recebeu o primeiro tiro dos cinco disparados efetuados por Victor Campelo. Em seguida ele teria caminhando para próximo da mesa do DJ. Terminada a confusão, Rafael percebeu que tinha sido atingido e sentou, gerando a sensação nas pessoas de que o mesmo teria sido atingido naquele local, cerca de 4 metros de onde realmente Frota foi atingido.


IML não reconhece outro laudo – Procurado pela família de Victor Campelo, segundo o advogado Welligton Silva, o Diretor Geral da Polícia Técnica, Haley Márcio Vilas Boas da Costa, afirmou desconhecer a existência de tal laudo mencionado pelo pai de Rafael Frota e também não soube dizer se algum médico ou perito teria cometido falsa perícia em favor de Gutemberg Frota ou se essa falsa informação foi simplesmente inventada pelo pai do agressor falecido, na tentativa de tirar o filho da cena do crime.


Tese de legítima defesa – Para o defensor, Rafael Frota, participou da tentativa de homicídio contra o Policial Federal Victor Campelo, juntamente com Nelsione, Marquinhos e outros. Informações apontam ainda que sete pessoas estavam na mesa dos agressores próximo do acontecimento do fato: Rafael Frota, Nelsione (Masseta), Alcirley, Marquinhos, Adriano, Daniel e João Paulo. Até agora somente as condutas de Rafael, Nelsione e Marquinhos estão claras, ainda não foi possível estabelecer a participação dos demais.


No relatório do auto de prisão em flagrante, o delegado Frederico conclui tratar-se de legítima defesa. A reportagem teve acesso a um dos trechos que diz: (…) Apesar das versões variantes entre os depoimentos prestados foi possível perceber que houve inicialmente uma injusta agressão contra Victor praticado por mais de uma pessoa, e que durante a agressão, o mesmo, estando sozinho, sem outro meio de defesa, sacou sua arma de fogo para se defender, vindo a acertar agressores (…).


A cena do crime – Segundo o que a família de Victor assegura, supostamente o espancamento foi iniciado por Marquinhos por meio de um soco surpresa dado no rosto do policial que apagou na hora e caiu no chão. Logo em seguida Rafael teria partido para cima do policial desmaiado para ajudar o amigo Marquinhos no espancamento, juntamente com Nelsione e outros que estavam na mesa com eles tomando Vodka.



A família segue relatando que Rafael teria chutado o policial federal desmaiado no chão e em seguida quando abaixou para aplicar um soco no rosto do policial recebeu dois dos cinco disparos efetuados por Victor quando este recuperou a consciência e num ato de reflexo revidou a agressão.


Há informações de que um dos agressores ainda tentou pegar a arma do policial federal, provocando o quinto disparo. O tumulto só terminou, segundo testemunhas, quando outros policiais que estavam na boate se aproximaram.


Histórico de agressões –  A defesa do Policial Federal, afirma que o grupo que supostamente agrediu o Policial Federal Victor Campelo tem relatos de confusões de mais de 10 anos atrás, dentre as boates e locais que tiveram festas arruinadas estão: pagode do Juventus (há mais de 10 anos), pagode do Lua Azul (extinto), forró do SESC Bosque, Show no Maison Borges, Vila Club, Círculo Militar, boate Le Napoleon, festa de pagode ART GRILL, Boate Se7 Club (várias vezes) e outros. “A população jovem acreana estava refém desses agressores há muito tempo, era uma tragédia anunciada” disse um dos membros da família de Victor que pediu para não ter seu nome revelado.


A família de Victor destaca ainda que, “na maioria das vezes os jovens agredidos ficavam com medo de procurar a Polícia para registrar Boletim de Ocorrência e poucas ocorrências foram formalizadas, o que dificultou a ação das autoridades no sentido de pôr fim as atividades criminosas do bando”, concluiu.


Manifestação Na última quarta-feira (20), os familiares de Rafael Frota fizeram uma manifestação no centro de Rio Branco, pedindo justiça no caso que envolve o policial federal Victor Campelo.


A família interroga, em um dos cartazes, o sumiço dos outros quatro federais que, segundo testemunhas, acompanhavam o policial federal Victor Manoel Fernandes Campelo, 23 anos, apontado como o atirador dos disparos que matou Rafael.


“Que meu irmão seja o último a ser vítima de um disparo de arma de fogo e que o assassino seja punido com rigor pela lei. Que não seja mais um caso que irá terminar com a impunidade ou uma pena mínima e branda para o assassino, como muitas outras que vemos nos noticiários”, disse o irmão da vítima, Thiago Frota.


 


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Jairo Carioca

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