O deputado federal Eduardo Cunha chegou a comandar pessoalmente, a maior bancada na Câmara dos Deputados.
A aprovação da PEC-91/16, possibilitou que no curtíssimo prazo de 30 dias, 92 dos nossos 513 deputados federais trocassem de partido. E o mais grave: há menos de um ano das próximas eleições. O propósito, ou mais precisamente, o despropósito do referido troca-troca foi tão somente para possibilitar que os trânsfugas, sem prejuízo dos seus respectivos mandados, pudessem mandar as favas seus deveres partidários. Outra não foi à razão de sua aprovação. Lamentavelmente, tem sido sempre assim: em sendo do interesse dos nossos congressistas, em tempo recorde, excrescências desta ordem acabam sendo aprovadas e inseridas na nossa legislação, inclusive na nossa própria Constituição.
. Estimular a infidelidade partidária, tem sido sim, uma das mais grotescas agressões a nossa própria democracia, até porque, tanto a fragmentação quanto a fragilização dos nossos partidos só têm trazido prejuízos a nossa própria democracia.
. Findo o troca-troca partidário, fruto da aprovação da referida emenda constitucional, a nossa estrutura partidária, já bastante desmoralizada e anárquica, piorou ainda mais. Resultado: o PMDB ficou com 69 deputados federais, o PT com 58, o PSDB com 51 e o centrão, uma espécie de partido político marginal, comandado pelo deputado federal Eduardo Cunha, com aproximadamente 200 deputados federais.
Se antes da sua eleição para presidir a Câmara dos Deputados, o deputado federal Eduardo Cunha já havia demonstrado que detinha um invejável capital político, no exercício da referida presidência, seu poder cresceu de forma exponencial, até porque, não há registro em toda a nossa história política de nenhum dos ex-presidentes da referida Casa parlamentar que tenha usado e abusado do poder com tanta fúria, fosse para favorecer seus aliados, fosse para prejudicar os seus adversários. Há fortes indicações que ele seguia à risco algumas lições de Maquiavel, duas delas, em particular: 01 – os meios justificam os fins. 02 – uma pessoa vale pelo o bem ou o mal que possa fazer a outra.
Pelo mal, basta que se diga que o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi certamente o mais perverso dos seus feitos. Pelo bem: os favores que distribuía aos seus aliados, sobretudo, o fato de ter financiado as campanhas eleitorais de mais de uma centena dos seus liderados.
Presentemente, com o seu poder bastante minguado, o deputado federal Eduardo Cunha só esta contando com o apoio daqueles que buscam evitar que seus nomes povoem a provável delação premiada que o próprio Eduardo Cunha deverá fazer. Ser temido, também foi uma de suas armas.
O deputado federal Eduardo Cunha se diz inocente e que está sendo julgado politicamente, num julgamento eivado de má-fé. Será que ele se esqueceu como conduziu o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff?
Por derradeiro: o que quis dizer o deputado federal Eduardo Cunha, quando buscava o apoio dos seus pares para evitar a cassação do seu mandato, quando declarou: “eu sou vocês amanhã”.
. Quanta chantagem!