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Pedindo socorro

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Roberto Vaz

No Acre, vivemos em cidades cujos moradores estão quase sempre à mercê da causticidade do sol. E não apenas devido à zona tropical, mas porque os projetos de arborização inexistiram mesmo sob os governos que se dedicavam a propalar as vantagens do desenvolvimento sustentável, que por aqui ganhou o singelo apelido de “florestania”.


A questão é extensiva aos nossos mananciais, cuja ação humana tem comprometido não apenas o seu curso d’água, como o descaso das autoridades no que diz respeito à sua preservação causa impactos ambientais de dimensões preocupantes.


Igarapés que cortam a capital estão sujeitos à ação antrópica ao longo de décadas, o que tem contribuído com o declínio da fauna e prejuízo da flora, como revela a dissertação de mestrado do professor Alexandre Ricardo Hid, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Acre (Ufac).


O trabalho de Hid constatou, já em 2001, o aumento da poluição hídrica no Igarapé São Francisco, o assoreamento do leito, a remoção da mata ciliar e a ocupação predial desordenada das margens, com consequente diminuição de sua calha fluvial. Disso decorre o aparecimento de inúmeros pontos de obstrução no curso d’água, formados a partir da retenção de entulhos e lixo despejados por diversas fontes poluidoras.


Segundo a entomologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Dra. Neusa Hamada, o desaparecimento da mata ciliar afeta a vida dos insetos aquáticos, que se alimentam de troncos e ramos de árvores, e que por sua vez servem de alimento à maioria dos peixes.


Não é à-toa que os peixes se tornam cada vez mais raros no ambiente urbano, onde a ação do homem, ao ocupar as margens dos rios, lagos e igarapés, acaba por afetar a flora típica destes ambientes.


Quanto ao rio Acre, que padece com os entulhos e com a ocupação de suas margens, há o agravante de que o próprio poder público contribui com a poluição de suas águas. Ao cruzar alguns bairros e parte do centro da cidade antes de desaguar no rio, o esgoto do Parque da Maternidade condena à morte uma variedade de peixes e parte da fauna do manancial.


No projeto original do Parque da Maternidade, construído no governo de Jorge Viana (PT), havia um lago de decantação que não saiu das papeletas. Era dele a responsabilidade de filtrar o esgoto antes que este fosse jogado no rio.


Acontece que a recente decretação de situação de emergência pelo governo estadual, devido à seca do rio Acre e à ameaça ao abastecimento da cidade, reacende uma discussão antes restrita às academias e sustentada por poucos e bravos pesquisadores acrianos.


Como mostra a placa fincada no leito do manancial, este pede socorro ante o descaso de autoridades que fizeram carreira na política usando a sustentabilidade como palanque.


 


 


 


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Roberto Vaz

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