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Uma juventude sem futuro

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Roberto Gaz

Há uma triste convergência de fatores a rondar a vida e o futuro dos jovens acrianos. São eles a formarem a maior parte da população carcerária do Estado, estão mais sujeitos à violência (como autores e vítimas) e à mercê do comércio e drogas, seja na condição de usuários ou de pequenos traficantes. O desemprego ou o subemprego entre a juventude local também é preocupante.


Proporcionalmente ao número de habitantes, o Acre tem o maior percentual de jovens encarcerados do país. E o quinto em número de negros nas penitenciárias e presídios, segundo levantamento realizado em 2012 pela Secretaria Nacional da Juventude, da Presidência da República.


De acordo com esse estudo, no Acre a taxa de presos é de 482 para cada 100 mil habitantes, a maior do país.


Intriga que um Estado pequeno, e que em tese deveria ter índices menores de criminalidade e um número reduzido de detentos, figure no topo deste ranking vergonhoso.


Outro dado ajuda a entender por que os nossos jovens cedem com tanta facilidade à violência e infestam as cadeias públicas.


Dados da Polícia Federal de 2011 apontam o Acre como o segundo Estado com a maior apreensão de entorpecentes do país, perdendo apenas para o Mato Grosso. Por fazer fronteira com os dois maiores produtores de cocaína do mundo – Bolívia e Peru – o Acre está na rota do tráfico internacional de drogas.


Fazer parte desse mercado ilícito significa garantir a sobrevivência pessoal e a da família, em contraste com o grande índice de desempregados sobretudo neste período de crise.


Segundo o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), que outrora entrevistou 102 presos na unidade prisional Francisco D´Oliveira Conde, 31,5% da população carcerária do Estado foi detida por crime de tráfico de drogas. Trata-se de um a cada três presos condenados por envolvimento com o comércio ilegal de entorpecentes.


E ainda que a realidade acriana não destoe do que se pode observar nos demais Estados da Federação, é de se lamentar que o poder público tenha perdido a guerra contra o narcotráfico.


Ao governo federal cabe a responsabilidade pela suscetibilidade de nossas fronteiras, por onde entram os contrabandos e as armas que engrossam as estatísticas da violência. E ao governo acriano, a culpa pela falta de políticas de inclusão de jovens que vagam pelas periferias sem ter o que fazer e à mercê da delinquência.


Iniciativa do governo do Acre em criar a Secretaria Especial da Juventude se transformou em oportunidade de emprego a jovens apadrinhados de políticos influentes. (O mesmo também se pode dizer, por exemplo, da Secretaria de Política para as Mulheres, um cabide de emprego a acomodar as militantes do Partido dos Trabalhadores e que distribui diárias sem a parcimônia que requer a atual crise econômica).


A insensibilidade dos nossos governantes quanto às questões que assolam a juventude acriana são um grande perigo para o presente e uma grave ameaça ao futuro.


 


 


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Roberto Gaz

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