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Rostenio é acusado de ser o operador financeiro do esquema fraudulento instalado na SEHAB

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Jairo Carioca

Depoimento chave para a nova fase da Operação Lares afirma que ‘imobiliária’ instalada na SEHAB vem de longas datas e que novos nomes devem aparecer na fase de investigação


Na quarta fase da Operação Lares, desencadeada na manhã de sexta-feira (8) a condução coercitiva de Rostênio Ferreira pode ser considerada uma das mais importantes na investigação do processo que apura a compra e venda de casas do Programa Minha Casa, Minha Vida, no Acre. De acordo com uma das principais acusadas, Rossandra Melo, que continua presa na Penitenciária Francisco de Oliveira Conde, Rostênio era o operador financeiro da quadrilha que se instalou dentro da SEHAB, segundo a Justiça, uma verdadeira ‘imobiliária’.


“Um dia Cleuda pediu para acelerar a venda das casas porque “eles” precisavam entregar para Rostênio o valor de R$ 180.000,00 para a campanha política.” Declarou Rossandra.


A declaração de Rossandra que consta nos autos do processo tem como base informações que eram repassadas por Cleuda Maia, outra peça importante do esquema, que estranhamente continua em liberdade dada pela judiciário.


Com base em depoimentos de Rossandra, Rostênio supostamente teria coordenado a fase de captação de recursos para a campanha do então candidato a deputado estadual, Dr. Julinho (PSB) e ainda, para a campanha do governador Sebastião Viana (PT). Tal informação ganha evidência quando Rossandra fala que as casas vendidas na primeira fase do esquema deveriam ser entregues após a eleição do primeiro turno.


“Quando acabou a eleição e o governador não ganhou no primeiro turno, Cleuda informou que as casas estavam impossibilitadas de serem entregues. Então as entregas foram postergadas para após do segundo turno” relatou Rossandra ao delegado Roberth Alencar.


Na entrevista que concedeu ao ac24horas Rostênio se defendeu afirmando que chegou a fazer uma sindicância para apurar denúncias de vendas de casas na SEHAB enquanto secretário, não tendo sido constatado à época nenhum tipo de crime.



“Inclusive na minha gestão eu também fiz sindicância para apurar denúncias, não foi encontrado nada e não teve nenhuma denúncia de venda de casas graças a Deus. E também não conhecia nenhuma dessas pessoas envolvidas com vendas de casas. Essa Rossandra aí não sei nem como ela apareceu na secretaria. A Cícera ela trabalhava com assistente social no campo. Ela foi colocada na nova gestão para ser responsável pelos nomes” declarou o ex-secretário.


Embora negue a existência de um esquema em sua gestão à frente da Secretaria de Habitação, o depoimento em que Rossandra afirma a participação de Rostênio deixa claro o seu suposto envolvimento, assim como o de Irlan Lins, este último considerado o “Chefe do Sistema”.


“Cleuda quando usava a expressão “eles” ela falava no nome de ‘Irlan’ funcionário da CEF e de Rostênio” acrescentou Rossandra.


Irlan Lins também foi conduzido coercitivamente para a delegacia na manhã de hoje. Ex-funcionário da Caixa Econômica Federal, ele, segundo testemunho de Rossandra Melo, era o “Chefe do Sistema”, pessoa que validava as informações antes do atesto dado pela Caixa Econômica Federal.



Depoimento chave para quarta fase da Operação Lares


De acordo o que a reportagem apurou um dos depoimentos considerado chave para a quarta fase da Operação Lares foi do primeiro delator do esquema de compra e venda de casas, o ex-servidor, Marcos Mustafa.


Interrogado durante horas pelo delegado Roberth Alencar, que preside o inquérito, Mustafa revelou detalhes de como a operação fraudulenta aconteceu dentro da Secretaria de Habitação e Interesse Social. Segundo o que a testemunha revelou a ‘imobiliária’ montada dentro da SEHAB tem longa data.


PARA ENTENDER O CASO:


Mustafa é o autor do pedido de sindicância que ocorreu assim que o ex-secretário Rostênio Souza assumiu a SEHAB. Foi quem primeiro informou como funcionava o suposto esquema, afirmando a existência de tráfico de influência e o uso da máquina pública em troca de votos nas eleições de 2012.


A sua delação naquela época revelou nomes conhecidos como o de Irlan Lins. Irlan já era, como disse Rossandra Melo na fase atual de investigação, o “Chefe do Sistema”. Nomeado diretor da SEHAB, o servidor aposentado da Caixa Econômica Federal atuava, segundo denúncia de Mustafa, na supervisão do trabalho de campo, de onde vinha os nomes das famílias contempladas.


Para o ac24horas Mustafa disse que não mudou uma virgula do que já havia declarado quando propôs ao governo a abertura de uma sindicância para apurar tráfico de influência e o uso da máquina pública em troca de votos nas eleições de 2012. Isso significa dizer que novos nomes poderão vir à baila assim que seu depoimento torna-se público.


Em recente postagem feita pelas redes sociais, o ex-secretário da SEHAB, Rostênio Souza, afirma que vai interpelar judicialmente a provarem essas acusações, todos que lhe acusam “inclusive o senhor Marcos Mustafa também”, escreveu.



Teria Rostênio sido informado do conteúdo do depoimento de Marcos Mustafa nessa fase da operação?


Foi Rostênio quem exonerou – a pedido sabe-se lá de quem – Marcos Mustafa após ele ter dado declarações sobre as supostas irregularidades ao Ministério Público Estadual em 2013. E não apenas ele, outra testemunha ouvida pela sindicância feita dentro da SEHAB foi exonerada por falar demais: trata-se de Cinthya Hohenberg, filha do advogado Maurício Hohenberg.


A reportagem teve acesso as conversas de facebook onde Cintia se lamentava na época para Marcos Mustafa de ter sido ‘excluída’ [demitida] no momento em que desejava produzir.


“Ele olhou pra mim e disse ela tá em risco social! Eu falei não ela não mora em barranco não alaga e tem salário bom. Ele sério disse ela está sim em risco social (…) Foi isso que aconteceu eu chorei por dias”, revelou Cintia.


“Ele” segundo a denúncia é Jarles Alves, nomeado diretor social da SEHAB na equipe liderada por Rostênio Souza à época. Cintia concluiu seu depoimento à sindicância aberta dentro da SEHAB informando que após bater de frente com Jarles Alves foi demitida junto com todas as assistentes sociais vinculadas a uma cooperativa.


“Através da ficha de coleta de dados avaliei a falta de perfil nos programas Minha Morada e Minha Casa, Minha Vida” disse Cintia em depoimento à sindicância em 2013.


Os verdadeiros resultados da sindicância – De fato uma sindicância foi aberta pela SEHAB em 2014, e ao contrário do que relatou Rostênio, a conclusão dos trabalhos recomendou a verificação geral de unidades habitacionais colocadas à venda ou em locação e a situação de Naira da Silva Gama, contemplada em 02 de junho de 2012 com uma casa do programa Minha Morada, sem nunca ter sido inscrita por não preencher o perfil social exigido pela Caixa Econômica Federal.


Em seu relatório, Polyana Diógenes, que presidiu a sindicância, afirmou que Nayra da Silva Gama, que era ex-secretária de Aurélio Cruz (preso pela Operação G 7), mesmo opinando pela não concessão da unidade habitacional foi contemplada em 02 de junho de 2012, “sem ter inscrição”, confirma. Em ato contínuo, declara ainda que inúmeros moradores contemplados com unidades habitacionais “ou venderam ou locaram suas unidades. Tal relatório teria sido entregue ao Ministério Público Estadual.


A sindicância conclui ainda que era falho o sistema que disciplina procedimentos e diretrizes referentes aos programas habitacionais. “Se constatou que muitos processos encontram-se deficientes e carecedores de documentações comprobatória de justificativa que ensejam as respectivas contemplações”.


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