É louvável a decisão do governador do Acre, Sebastião Viana (PT), de cortar 20% dos salários dos comissionados para manter a viabilidade da estrutura administrativa do Estado. A medida também atinge o próprio governador e os secretários.
Com a decisão, anunciada nesta quinta-feira, 30, o gestor acena com a preocupação de não sobrecarregar o orçamento em um momento de dificuldades.
A imprevisibilidade da economia – que dá mostras tímidas de se recuperar sob o governo interino de Michel Temer (PMDB) – requer medidas saneadoras, como a apresentada hoje.
O corte pode significar, como ressaltou Sebastião, a manutenção, até o fim do ano, dos salários de quem ocupa cargo de confiança.
Trata-se da mesma preocupação, já demonstrada pelo governador acriano, de manter em dia o pagamento dos servidores públicos estaduais.
Por não terem adotado medidas como a anunciada hoje pelo governo do Acre, os Estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro paralisaram investimentos e atrasaram salários, cujos pagamentos se sucedem em parcelas – no caso do RS – ou por intromissão da justiça, como aconteceu no Rio.
Durante a coletiva que concedeu nesta quinta, Sebastião Viana afirmou que o governo dispõe de 550 milhões de reais para investimentos. Mas esse dinheiro não pode ser usado para despesa corrente.
Em curto prazo, a medida não agrada aos empresários, que verão reduzido o poder de compra de uma parcela significativa dos clientes. Pode ter ocorrido, também, que alguns comissionados foram apanhados de surpresa, sobretudo os que porventura tenham comprometido a maior parte da renda mensal com empréstimos ou financiamentos.
Mas em longo prazo, a iniciativa garante que eles vão manter a renda, o que não deixa de ser consolador não só para eles, mas para quem vive do comércio local.
Evitar o colapso da máquina pública a partir da redução salarial é uma medida acertada para um Estado que precisa manter 48 mil servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas. Foi, em última análise, um tiro que acertou na mosca.
Ficaria ainda melhor se alguns secretários decidissem enxugar seus orçamentos, já que algumas pastas, como a de Políticas para as Mulheres, costumam exagerar nos gasto com diárias, como já foi mostrado por este site em reportagem recente.
No atual contexto de recessão econômica, o governador Sebastião Viana adotou uma medida digna de elogios e do nosso reconhecimento.
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