Os bastidores para saber se fica Temer ou volta Dilma Rousseff

A novela ainda não acabou. Estou em Brasília e por dois dias conversei com deputados e senadores tanto do PT quanto de oposição. Existe uma movimentação grande de bastidores em busca dos votos para a decisão final do impeachment que acontecerá em agosto no Senado. É uma verdadeira eleição paralela em que as negociações de pé de ouvido valem muito. Na terça à noite, 21, na residência do senador Zezé Perrela (PTB-MG) houve um encontro entre vários senadores e o presidente interino Michel Temer (PMDB). O senador acreano Gladson Cameli (PP) participou do jantar. É uma verdadeira mobilização para garantir os 54 votos a favor do impeachment e a consequente manutenção de Temer na presidência. No entanto, alguns senadores que votaram a favor do afastamento da presidente Dilma (PT) ainda não têm certeza da confirmação dos seus votos na decisão final. Percebi que existem alguns descontentamentos naturais com o Governo interino. Gente que esperava mais a nível de cargos e postura do presidente interino. Por outro lado, percebi que o PT e o PC do B estão fazendo o possível para que os prazos que levarão a votação ao plenário do Senado sejam estendidos para haver mais tempo de convencimento dos senadores em dúvida.

Sinais na economia
Alguns senadores com quem conversei estão convencidos que a economia do país já apresenta sinais de melhoria com Temer. Mas as recentes denúncias que envolvem membros do PMDB ainda deixam sombras para a decisão final.

Julgamento político
Esse processo de impeachment é muito mais uma questão política do que judiciária. Uma opinião unânime é que Dilma não tem mais condições de governar o Brasil. Se acontecer um milagre e a reversão no processo de impeachment a tese é de uma nova eleição. Isso é o que os petistas e comunistas estão oferecendo como alternativa para os senadores em dúvida.

Dinheiro para o Shopping
O senador Jorge Viana (PT) conseguiu a liberação de mais de R$ 1 milhão junto ao ministro interino do Turismo, Alberto Alves, para o Shopping Popular de Rio Branco. Não existe questões política nessa questão, mas falta de dinheiro do Governo Federal com a crise econômica.

Compasso de espera
Conversei bastante com o deputado federal, Alan Rick (PRB), em Brasília. Realmente Alan deverá assumir a presidência do partido no Acre nos próximos dias. Mas existe uma preocupação do diretório nacional para que não haja racha entre os filiados. Dificilmente membros com mandatos deverão deixar o PRB.

Banho Maria
Também não deverá ser anunciada a saída do PRB da FPA antes das eleições municipais. No entanto, não acredito que Alan Rick vá subir em nenhum palanque seja do prefeito da Capital, Marcus Alexandre (PT) ou de candidatos da oposição.

Questão de foco
Alan está muito mais empenhado em garantir aos candidatos a vereadores do PRB um bom desempenho eleitoral. Também está ajudando bastante para que o candidato a prefeito Ney do Militão (PRB), em Senador Guiomard, tenha condições de competividade.

Ferrovia real
Alan Rick foi convidado por empresários da China para uma viagem ao Oriente para tratar da Ferrovia Transoceânica que passará pelo Acre. Parece que os chineses estão levando muito a sério esse projeto. As coisas por lá estão mais adiantadas do que se imagina.

Vice em Cruzeiro
Não existe a possibilidade do ex-deputado Henrique Afonso (PSDB) abandonar a sua candidatura a prefeito de Cruzeiro do Sul. O PSD vai indicar o vice da chapa. Será uma disputa no voto com o PMDB e a FPA. Os aliados de Henrique acreditam que possuem um patamar de votos para chegar à vitória.

A tese
Os aliados de Henrique acham que a FPA e o PT vão tentar desgastar o máximo a imagem do atual prefeito Vagner Sales (PMDB) e do seu candidato Ilderlei Cordeiro (PMDB). Assim Henrique correria livremente como uma terceira via.

Erro de foco
O candidato a prefeito do PMDB é o Ilderlei e não o Vagner. Por isso, não acredito que essa saraivada de ataques contra a atual administração de Cruzeiro do Sul tenha efeito. Ilderlei teve 9 mil votos para deputado federal, em 2014, no município. Portanto, tem luz própria.

No jogo
Dificilmente Bocalom (DEM) deixará de ser candidato a prefeito de Rio Branco. Tem visitado constantemente os gabinetes dos deputados federais acreanos em Brasília em busca de apoio. Bocalom não vai desistir facilmente de participar da sua sexta eleição majoritária seguida.

Não é o que parece
Também pela conversa que tive com alguns políticos em Brasília dificilmente a ex-deputada Antônia Lúcia (PR) irá apoiar Bocalom. A tendência é que o PR mantenha a candidatura do vereador Raimundo Vaz (PR) à prefeitura da Capital.

Anúncio esperado
O senador Gladson Cameli me disse que deverá confirmar o seu apoio à candidatura de Eliane Sinhasique (PMDB). Estão preparando um evento para que o anúncio seja feito em Rio Branco no próximo dia 3 de julho.

Renovação
Acredito que o jogo sucessório ao Governo do Acre, em 2018, pela oposição, passará por dois nomes, Gladson Cameli e Alan Rick. Poderá ser uma chapa de candidato e vice, ou Alan poderá também lutar por uma vaga ao Senado. Mas os dois estão no jogo.

Pontes de sobrevivência
Conversei com o empresário Marco Aurélio criador do celebre restaurante Piantella, em Brasília. Ele foi um dos maiores amigos do Dr. Ulysses Guimarães (PMDB), frequentador assíduo do Piantella. Dr. Ulysses faria cem anos de idade no próximo dia 6 de outubro. Mas o interessante é que o empresário lembrou de uma frase do velho criador do PMDB que serve perfeitamente para o momento político que o país atravessa: “Não se pode queimar todas as pontes”. Com o mar de denúncias de corrupção que envolve políticos de todos os partidos ficará difícil manter uma ponte transitável e de pé. A judicialização da política brasileira deixa dúvidas sobre o futuro do país. Na minha opinião, é necessário que haja uma profunda reforma política para que a democracia possa sobreviver a tantos sobressaltos como os que estamos assistindo. A outra opção é um caos generalizado. Rezemos…