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A demagogia como estratégia

O governador Sebastião Viana preferiu ficar no Estado – para dar puxão de orelha em quem critica os serviços prestados pela Maternidade Bárbara Heliodora – a ir à reunião em Brasília dos governadores com o presidente interino Michel Temer. O encontrou tratou sobre o prolongamento da quitação das dívidas dos estados com o governo federal.


Sebastião mandou em seu lugar a vice-governadora, Nazaré Araújo, pra fazer de conta que o endividamento com União não preocupa um potentado como o Acre.


Dados da Secretaria da Fazenda relativos a junho do ano passado mostram que o Estado deve R$ 3,8 bilhões para a União. E segundo um levantamento realizado por técnicos do Senado Federal, a pedido do senador Sérgio Petecão (PSD), o Acre figura entre os estados brasileiros mais endividados: R$ 4,25 bilhões até 31 de dezembro de 2015. É muito dinheiro – mais que o suficiente pra que o governador dê atenção ao assunto.


O que surpreende em Sebastião Viana é sua disposição de ir à Capital Federal sempre que se trata de prestar solidariedade à presidente afastada Dilma Rousseff. Nas últimas semanas, fez duas vezes o percurso. Mas não mostra a mesma força de vontade quando é o futuro dos acreanos que está em jogo.


Sentar-se com um adversário político para tratar de temas relevantes como esse é uma obrigação até mesmo para quem, nas redes sociais, vez por outra esquece a “liturgia do cargo” – como disse o ex-presidente José Sarney – e veste a camiseta do militante rasteiro para achincalhar os apoiadores do impeachment.


Enquanto Nazaré Araújo o substituía no encontro com Temer, Sebastião dava lição de moral aos críticos da maternidade Bárbara Heliodora.


Evocou as estatísticas para provar que a mortalidade lá está dentro do razoável, reduzindo a meros percentuais os casos de bebês que morreram durante o parto. Não fosse, talvez, a frieza de quem encara vidas humanas como meras probabilidades, essas crianças estariam vivas para contar, no futuro, a sua história.


Sempre que a demagogia vira estratégia política de um governante, só os fatos podem lhes desmascarar as improbidades.


Quando ficou doente, em setembro de 2007, o então governador Jorge Viana – não obstante o volume gigantesco da propaganda oficial que apregoava uma saúde estatal de fazer inveja aos noruegueses – foi se tratar em um hospital particular de São Paulo. Binho Marques, seu sucessor, viveu grande parte da vida dos benefícios que lhe facultava a fama de exímio secretário de Educação. Seus filhos, a despeito disso, sempre estudaram em escolas particulares no Acre.


Já Sebastião Viana precisa contar onde seus filhos nasceram. Certamente, para a felicidade da família, não foi na Bárbara Heliodora.


O governador petista teria feito um favor a todos nós se, ao invés de visitar a Maternidade, tivesse ido ao encontro com o presidente Temer.


Um  homem grande, que pensa  numa política muito maior, precisa mostrar que está com os espíritos desarmados, com as armas longe de alcance, caso contrário será a mosca na sopa do prato da reeleição do Marcus Viana Alexandre. Hoje o PT, que já elegeu até porte como se diz na linguagem simplória do jornalismo para mostrar a força do governante, está colocando cada vez mais muitas pedra no caminhãozinho do o seu pupilo Marcus.


 


 


 


 


 


 


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