Eliane Sinhasique (PMDB) tem pressa. É o que se conclui de sua apressada ascensão política: de vereadora da capital à deputada estadual e, daí, para o palanque de campanha à prefeitura de Rio Branco.
Nada contra a ansiedade dos que desejam chegar ao topo – desde que, claro, não se tenha votado nela. Pois quem a elegeu vereadora provavelmente a queria como representante na Câmara, assim como os que a elevaram ao parlamento estadual devem esperar que Sinhasique, no mínimo, honre o compromisso de continuar deputada.
A pressa da peemedebista é detectável também na impensada atitude de difundir uma imagem na qual figura ladeada pelo presidente interino Michel Temer e pelo deputado federal Flaviano Melo. Como ao eleitor acreano este último dispensa apresentação, o primeiro requer um “estudo de caso”. Antes, porém, algumas considerações pertinentes.
É quase certo que o prefeito Marcus Viana (PT), ao contrário da campanha de 2012, não vai aparecer ao lado de Lula e Dilma. Fazer isso seria queimar vela boa com espírito ruim.
Marcus precisa descolar a própria imagem de uma sigla que caiu em desgraça. O figuro “encarnado” já foi abolido. A estrela vermelha, suprimida. E os antigos ídolos ficarão trancados na geladeira.
A essa altura dos acontecimentos, o petista tem consciência de que manter a simbologia de um partido atolado na lama da corrupção é uma estratégia equivocada; que incensar Lula, um risco desnecessário; que abraçar-se a Dilma, um flerte com a tragédia.
Pois bem. Enquanto o petista Marcus Viana distancia-se do que pode empurrá-lo ao abismo, Sinhasique faz questão de colar a própria imagem a de Temer, cujo governo derrete a cada ministro flagrado nas traficâncias do Petrolão.
Desconhecido e rejeitado, com pouquíssima aprovação popular, Temer é a imagem a ser evitada às vésperas da disputa eleitoral. Não para Sinhasique, de repente envaidecida por ter sido recebida por um presidente da República – que, convenhamos, pode em breve voltar às sombras do Planalto.
A pressa em divulgar o que deveria ficar guardado é mais uma demonstração de que a deputada do PMDB, acostumada aos cem metros rasos da disputa proporcional, pode não ter fôlego pra suportar a maratona de uma candidatura majoritária.
Quando vierem os debates, então, estaremos diante da síntese indisfarçável de todas as fragilidades que compõem a formação intelectual de Sinhasique, de cujas impropriedades ela já deu reiteradas demonstrações ao longo dos pronunciamentos que fez como parlamentar.
Para Eliane Sinhasique, o maior perigo destas eleições é ela própria.
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