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Os R$ 100 milhões dados ao PMDB como pagamento de propina, segundo o delator

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Por Mateus C outinho, Julia Affonso, Isadora Peron e Gustavo Aguiar
Do jornal Estadão


Sérgio Machado ‘rendeu’ uma fortuna ao partido
durante sua gestão à frente da Transpetro



Renan Calheiros, José Sarney e Romero Jucá, todos do PMDB. Foto: Estadão


Em seus 11 anos à frente da Transpetro, Sérgio Machado “rendeu” ao menos R$ 100 milhões em propinas para a cúpula do PMDB no Senado. A maior fatia do montante foi abocanhada pelo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), atualmente alvo de 12 inquéritos da Lava Jato no Supremo e que teria levado R$ 32 milhões, quase um terço do total.


Em seguida está o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que teria recebido R$ 24 milhões. Outro senador, Romero Jucá (PMDB-RR) teria embolsado R$ 21 milhões. Mais velho cacique da sigla, o ex-presidente José Sarney teria ficado com R$ 18,5 milhões. Já o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) teria ficado com a menor fatia dos cinco, de “apenas” R$ 4,2 milhões.



O senador Edison Lobão. Foto: Divulgação


 
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Todos os cinco são responsáveis pela indicação e manutenção de Machado na presidência da Transpetro. Do grupo, apenas Jader Barbalho e Edison Lobão não foram flagrados em conversas com o delator discutindo alternativas para barrar o avanço da Lava Jato. Dos três, o procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu a prisão preventiva de dois e a prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica para Sarney. O pedido, porém foi negado pelo STF.


Agora com a delação de Machado, porém, a Procuradoria-Geral da República tem novas evidências e mais detalhes inéditos sobre a atuação da cúpula peemedebista que devem dar início a novas frentes de investigação e também reforçar as suspeitas que já existiam.


Ao revelar o fluxo milionário de propinas para o partido que hoje está no governo federal e é a base de sustentação do presidente em exercício Michel Temer, Machado descreveu um modus operandi bem semelhante da cúpula da sigla.



Jader Barbalho. Foto: Divulgação


Os primeiros a abordá-lo para solicitar as propinas foram Jucá, Renan e Jader, ainda em 2004. Em ambos os casos, Machado teria se encontrado com cada um em reuniões pessoais nos gabinetes ou mesmo residências oficiais e ouvido deles o pedido para ajudá-los a “manter a estrutura política”.


Já Sarney procurou o então presidente da Transpetro em 2006 e queixou-se das dificuldades em manter sua base política no Amapá e no Maranhão e, por isso, lhe pediu propina das empresas que tinham contratos com a estatal. O último a cobrar do delator teria sido o hoje senador Edison Lobão. Machado afirmou que em 2008, quando assumiu o cargo de ministro de Minas e Energia, Lobão o chamou e disse que queria receber a maior propina mensal paga aos membros do PMDB.


O então ministro queria que o valor para ele fosse fixado em R$ 500 mil por mês, mas Machado teria dito que só poderia transferir R$ 300 mil. Os repasses teriam sido feitos por intermédio do filho do senador, Márcio.


De acordo com Machado, após as cobranças ele passou a manter reuniões periódicas a cada um os dois meses, com cada um dos caciques peemedebistas para discutir o repasse e o valor da propina. Inicialmente, segundo o delator as propinas, de valor semelhante de cerca de R$ 300 mil para cada, tinham frequência mais “errática”. A partir de 2008, contudo, o esquema teria se intensificado e tornado mais regular, com repasses praticamente mensais a quase todos os caciques.


A operacionalização dos pagamentos incluía a entrega de dinheiro vivo, as vezes por intermédio de operadores dos peemedebistas e do próprio Machado, às vezes pessoalmente, em endereços combinados. Além da bolada mensal que recebiam, o esquema ficava mais “gordo” nos anos eleitorais, com os pagamentos de doações oficiais das empresas que mantinham contratos com a Transpetro.


Todos os políticos citados rechaçaram as acusações de Sérgio Machado e negam o recebimento de caixa dois.


 


 


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