Acompanhando os bastidores da política e as articulações visando as eleições de 2016 prevejo disputas acirradas em praticamente os 22 municípios do Estado. Não vai ter moleza e nem candidatos já eleitos antes da campanha. O quadro de confronto entre o PT e os partidos da oposição está crescendo a cada dia. Afinal, são 18 anos de predomínio dos petistas no Estado e outros 12 na prefeitura Capital. O desgaste é grande. Soma-se a isso um quadro nacional político de instabilidade em que o antipetismo cresceu assustadoramente e teremos os elementos que irão nortear as próximas eleições. A escolha dos eleitores será entre a mudança e a continuidade do “projeto” da FPA. Além disso, nomes fortes estarão na disputa em vários municípios o que torna o resultado final uma incógnita. Se o PT conseguir manter o seu predomínio nos principais municípios do Estado abre caminho para continuar governando o Acre, em 2018. Se perder aparecerão candidatos a governador no balde na oposição. É assim que funcionam as eleições acreanas, sempre uma antecipando os personagens da próxima.
A joia da coroa
Rio Branco é o único município acreano em que pode ter segundo turno pelo número de eleitores. É também o mais importante para projeções políticas-partidárias nacionais. Portanto, para o PT e o PMDB é um lugar estratégico à representatividade da medição de forças entre os dois partidos.
Os dois lados da moeda
O governador Tião Viana (PT) vai investir pesado na reeleição estratégica de Marcus Alexandre. Por outro lado, o presidente Temer (PMDB), precisa da vitória na maioria das capitais para se solidificar no Planalto e deve também ter participação direta na campanha da sua candidata Eliane Sinhasique (PMDB).
Correndo por fora
Outros partidos de oposição também deverão ter nomes concorrendo na Capital. Por enquanto, me parece que Bocalom (DEM) deverá seguir em frente. Raimundo Vaz (PR) e Francineudo Costa (PSDB) podem permanecer se não houver negociação entre os caciques da oposição à uma conversão.
Segundo turno
Se esse quadro de muitos candidatos perseverar Rio Branco deve ter uma eleição em dois turnos. Dificilmente algum candidato conseguirá mais de 50% na primeira votação. O que significa que os partidos de oposição não poderão se arranhar muito na campanha para não tornar a unidade impossível.
Tateando a unidade
Fiquei sabendo que houve uma reunião na sede do PR para mais uma tentativa da oposição sair com apenas uma candidatura. Isso envolve partidos importantes abrindo mão de cabeças de chapas em municípios do interior. Esse é um dos pontos que mais pega para a unidade.
Todo mundo quer
Com o teórico enfraquecimento da hegemonia do PT no Acre quase todos os partidos oposicionistas imaginam ser a hora deles. Pensam que irão empurrar bêbado ladeira abaixo. Mas não acredito nisso. O PT e os partidos aliados têm bastante nomes que ainda são muito fortes junto ao eleitorado.
A força da máquina
Sem falar que as máquinas administrativas do PT no Estado e na Capital estarão a serviço dos seus candidatos. Isso significa milhares de cargos comissionados, terceirizados e outros agregados que dependem das gestões petistas para a sobrevivência. E na hora do voto muita gente não vai querer nem saber de ideologia. Votarão pela manutenção dos seus empregos.
Luta de titãs
O segundo maior município do Acre, Cruzeiro do Sul, também terá uma disputa de arrepiar. Com a possível entrada do deputado federal César Messias (PSB) acabou a canja de galinha. Os pré-candidatos Ilderlei Cordeiro (PMDB) e Henrique Afonso (PSDB) teriam que se unir para aumentar as chances da oposição.
Loteria
Com César, Ilderlei e Henrique a eleição em Cruzeiro do Sul vira uma loteria. Como não tem segundo turno, o candidato que conseguir em torno de 30% das preferências dos eleitores está praticamente eleito. Vale lembrar que essas três candidaturas têm lastro popular no município.
Vitória no detalhe
Como a porcentagem de votos necessária à vitória se torna baixa, sem o segundo turno, qualquer vacilo de um dos candidatos será fatal. Conheço bem Cruzeiro do Sul e uma simples boataria é capaz de provocar estragos. Mesmo porque como a campanha será curta não dará tempo para desmentidos e reconstrução de reputações.
Quadro de Sena
Em Sena Madureira, tanto a oposição quanto a FPA, estão divididas. Mazinho Serafim (PMDB) e Toinha Vieira (PSDB) querem ser os únicos oposicionistas na disputa. E entre os aliados do PT, Mano Rufino (PSB) e Charlene Lima (PV) querem a candidatura da FPA.
Disputa embolada
A permanecerem essas candidaturas em Sena, o próximo prefeito, poderá ser eleito com apenas 25% dos votos. A divisão será grande entre as duas grandes forças políticas do município e o resultado eleitoral completamente imprevisível.
A batalha de Xapuri
O município mais conhecido internacionalmente do Acre tem no momento seis candidaturas com chances de vitória. Bira Vasconcelos (PT), Aílson Mendonça (DEM), Osmar Facundo (PR), Erivelton Soares (PMDB), Vanderlei Viana (PROS) e o atual prefeito Marcinho Miranda (PSDB).
Desistências complicadas
O deputado estadual Manoel Moraes (PSB), que tem sua base política em Xapuri, me disse que só na hora das convenções algum desses candidatos pode desistir. Na opinião do parlamentar todos entram com chances de vitória.
A jornada do PC do B
Perder a vice em Rio Branco foi fatal para os comunistas. Mas o deputado estadual Jenilson Leite (PC do B) me disse que o partido pode se reinventar se garantir prefeituras no interior. O partido aposta em Jesus Pilique em Assis Brasil, vereador Camilo em Plácido de Castro, Domingos em Capixaba, Jaqueline em Manoel Urbano, Romualdo no Bujari, Ériton Maia em Mâncio Lima e na reeleição do prefeito Elson Farias no Jordão.
Renascendo das cinzas
As duas derrotas ao Senado e a perda do vice na Capital pode abrir novos caminhos aos comunistas do Acre. Se realmente o PC do B enfrentar o PT e vencer em Manoel Urbano, Bujari, Feijó e Mâncio Lima, sairá valorizado das eleições. A imagem do partido se fortalecerá por não estar simplesmente a reboque do “primo rico”, o PT. Sem falar que uma eventual vitória de César Messias, em Cruzeiro, alça para a Câmara Federal, o suplente Moisés Diniz (PC do B). Na minha opinião, quanto mais os comunistas se afastarem do “trilho oficial petista” melhor será para projetar um futuro de renovação ao partido.
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