A manchete não é mera redundância. É a pura verdade e vem ocorrendo no cemitério São João Batista do município de Acrelândia, cerca de 100 km da capital. A denúncia foi feita no início da tarde de hoje (7) pelo coveiro Carmindo José Barbosa. “O seu Neno foi um dos defuntos que eu enterrei em cima de outro há cerca de um mês”, disse Carmindo.
O Campo Santo é mais antigo do que a própria Acrelândia, criada a partir do desmembramento dos municípios de Plácido de Castro e Senador Guiomard, em 28 de abril de 1992. Conhecida como uma cidade planejada, o crescimento no aspecto urbano e populacional não foi acompanhado pela gestão do cemitério, que fica a cargo da Secretaria de Obras do município.
Segundo o coveiro Carmindo, se tornou comum em Acrelândia ser enterrado alguém e tomar lugar de “outro” defunto. No caso de seu Neno, o coveiro relatou que cavou apenas 1m10 “porque já bateu no outro caixão”, acrescentou.
Carmindo foi orientado a procurar o Ministério do Trabalho para reclamar ainda os direitos trabalhistas e denunciar a falta de equipamentos obrigatórios para quem trabalha nessa área. “Abandonei o serviço porque R$ 700 é muito pouco para lhe dar com sepultamento e cadáver”, desabafou o coveiro.
Ele afirmou ainda que nenhuma burocracia é exigida no momento do sepultamento, o que em tese, atesta a falta de controle de quem está sendo enterrado e do tempo de transferência da ossada para o chamado ossário perpétuo, ou ainda, o aluguel por novos dois anos – no caso de cemitério público – do local onde foi enterrado o ente querido.
O mais grave, segundo o coveiro, é que os casos são de conhecimento do secretário de obras, conhecido como Tião da Honda. Procurado, Honda não soube informar qual a lei que trata do uso do cemitério Ele se negou a falar detalhes sobre a denúncia.
