Há uma dezena de anos, ao menos, a Polícia Federal tem buscado nas histórias mitológica e nas de outras categorias nomes para tais atividades investigativas. Pode-se citar a operação Efebo ─ termo grego dado ao jovem iniciado sexualmente ─ que tirou de circulação internautas pedófilos; a operação Loki ─ nome de um semideus da trapaça e da falsidade ─ que desarrumou um grupo de malfeitores especializado em contrabando de cigarros; a operação Gasparzinho ─ em homenagem ao desenho animado “Fantasminha Camarada” na qual se investigou fraudes em licitações cometidas por empresas de fachada; e, atualmente, a famigerada operação “Lava Jato” de combate e, metaforicamente, de limpeza à corrupção endêmica que se instalou no País.
No Estado do Acre, a Polícia Civil desenvolve a operação denominada “Lares” com o propósito de investigar a venda ilegal de casas populares do programa federal “Minha Casa, Minha Vida” em prejuízo das pessoas carentes ─ habilitadas a obtê-las.
No fim da 2ª. fase de investigação ─ que terminou mês passado e com possibilidade de novas etapas ─ 10 pessoas foram indiciadas, entre elas, diretores e funcionários da Secretaria Estadual de Habitação.
A operação conduzida em âmbito estadual por autoridades acrianas deixa claro a mudança de comportamento que ora se estabelece na sociedade brasileira em todos os níveis.
A coisa pública não pode ser confundida com a coisa privada. Reside aí a diferença entre quem você é e quem você quer ser. Ao agente público resta-lhe o entendimento de que a ele cabe fazer somente o que determina a lei, e ao cidadão comum o que a lei não proíbe.
Dessa forma, nos moldes investigativos da Polícia Federal, as instituições acrianas desencadeiam com competência a operação Lares. O título é virtuoso e tem largueza, pois não se submete a uma simples construção de tijolos e argamassa ─ a casa.
O lar é algo maior, nele se estabelece a edificação de valores e princípios. É um reconfortante abrigo para o medo, a dor, a solidão, e também aonde se tem pressa de chegar e pouca de sair.
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