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Devolvida ao chão

Por
Roberto Vaz

A presidente afastada Dilma Rousseff tem direito a morar no Palácio da Alvorada enquanto o Senado julga o processo de impeachment. Além disso, ela segue recebendo o salário mensal de 30,9 mil reais, mas o parecer técnico produzido pelo governo interino estabelece que ela tenha à disposição cinco veículos terrestres, onze seguranças e uma ambulância.


Não é pouca mordomia pra quem mergulhou um país inteiro – até então a sexta economia do mundo – em recessão; que elevou o desemprego a uma taxa de 11%; que deixou um déficit de 170 bilhões de reais no orçamento público.


Dilma vai bem, obrigado. Enquanto isso, o povo pena com a inflação. E torce pra que no mês que vem as coisas, se não melhorarem, ao menos não fiquem piores.


Mas dona Dilma quer mais. Deseja poder viajar o país inteiro em um avião da Força Aérea Brasileira, com tudo pago pelo contribuinte que ela empobreceu. E por isso chiou quando Michel Temer estabeleceu como regra que ela possa se deslocar apenas de Brasília a Porto Alegre (onde tem parentes) a bordo da aeronave da FAB.


Pobre Dilma! Não terá mais a regalia de visitar as capitais brasileiras, os rincões do interior, os pequenos municípios onde pretendia repisar a cantilena de que é a pessoa mais injustiçada deste país.


Em discurso nessa sexta-feira, 3, em Porto Alegre, a presidente afastada disse que a decisão do governo interino é “um escândalo”. E chamou de “grave” o fato de não poder viajar, à custa do cidadão brasileiro, até o Pará, o Rio de Janeiro, o Ceará.


Dilma lembrou que não pode pegar avião de carreira por não ser uma pessoa qualquer. Lula também não se acha um cidadão ordinário, e até lembrou, em 2009, que Sarney tampouco poderia ser tratado como gente comum.


Em 2015, enquanto ainda estava no poder, a presidente custava para os brasileiros o dobro que a Rainha Elizabeth II para os britânicos. Um acinte!


Mas apesar da pose de agora, do ultraje, dos protestos, da chorumela, Dilma Rousseff precisa ir se acostumando. Ela é cada vez mais uma pessoa comum, com problemas comuns – já que o processo de impeachment que corre no Senado lhe aponta o caminho da rua. E falta muito pouco para o Brasil se livrar de uma vez por todas de uma presidente que nos atrasou em uma década.


Temer pode até falhar na missão de consertar o estrago feito pelo governo do PT. Mas um enorme favor já nos terá feito: o de devolver ao chão quem já se acostumara à ideia de que havia nascido pra voar.


 


 


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Roberto Vaz

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