A culpa da venda irregular das casas no Acre é do mordomo

Quem já assistiu a um filme em que a esposa manda matar o marido e chega na cena do crime chorando e chama a polícia para investigar? Claro que essa atitude dará à personagem a suposição de inocência. Pode ser esse enredo “manjado” que estejamos assistindo no caso das vendas irregulares de casas populares pela SEHAB, do Governo do PT acreano. O fato é que nenhum dos acusados de alta patente admite qualquer envolvimento no esquema de corrupção. As alegações das defesas são muito parecidas. Praticamente todos afirmam que, na realidade, estavam investigando os “mal feitos” dentro da Secretaria de Habitação. Então cabem as perguntas: se todos estavam cientes de que isso poderia estar acontecendo dentro da SEHAB, há bastante tempo, por que não estancaram o processo? E se não há culpados por que as casas foram comprovadamente vendidas para pessoas que não tinham o perfil social necessário? E tem mais: por que existem vendas irregulares ainda recentes? O fato é que não é preciso ser um Sherlock Holmes para chegar a conclusão que vão acabar provando que a culpa de toda essa confusão é do mordomo.

A chapa pode esquentar
O deputado federal Major Rocha (PSDB) afirmou numa rede social que já levou as denúncias de suposta corrupção na SEHAB ao Ministério das Cidades. Se as esferas federais entrarem nas investigações a situação de quem no momento se sente protegido poderá se complicar.

Levantando o tapete
O senador Sérgio Petecão (PSD) já mandou ofício ao Ministério da Justiça pedindo a entrada da Polícia Federal no caso. Esse é o caminho para as investigações prosseguirem sem o perigo de contaminações políticas regionais.

Trabalho competente
Na minha avaliação, o trabalho até agora da Polícia Civil do Acre foi muito bom. Graças a essas investigações que o esquema de corrupção de vendas de casas da SEHAB foi desvendado. Mas acredito que chegou a um ponto em que será melhor para todos que uma instância federal assuma o caso.

Terra de muro baixo
O Acre tem uma população pequena. Quase todo mundo se conhece na Capital. Não é aconselhável que pessoas daqui sigam sozinhas nas investigações. Não por falta de competência, mas exatamente por essa familiaridade que existe. Ninguém vai querer jogar pedra no telhado do vizinho ou do parente.

Presunção de inocência
Outra questão óbvia é que ninguém deve ser condenado simplesmente por suposições. O fato de uma testemunha acusar um ou outro não é suficiente. É preciso mais provas concretas determinando a responsabilidade de cada um.

Questão política
Evidentemente que para o Governo do PT não é interessante esse caso ir para as mãos das instâncias federais. Não é mais o PT que comanda o Governo Federal. Pode haver um empenho maior nas investigações sem comprometimento político.

Pior que o G7
Na minha opinião, o povo do Acre nunca entendeu direito o que foi a Operação G7 que prendeu empresários e secretários de governo. Essa coisa de cartel não é claro para o povão. Mas com uma fila de milhares de pessoas de baixa renda a espera de uma casa a Operação Lares pode fazer um estrago enorme. O povo entende bem do que se trata.

Revelação
A professora Socorro Nery (PSB), que passou a sua vida inteira em partidos da direita, acordou um dia e descobriu que era socialista. Também que não era de oposição e que achava as gestões do PT no Governo e na prefeitura de Rio Branco perfeitas. É isso que imagino que aconteceu para a sua mudança radical.

Bronca com razão
Os militantes do PC do B têm toda a razão de questionar o nome de Socorro para ser vice de Marcus Alexandre (PT). Os comunistas sempre foram fiéis ao PT e participaram ativamente de todas as campanhas da FPA. Perder o lugar na janela da van para uma recém socialista de esquerda vinda da direita é uma piada.

Nada contra
Que a professora Socorro Nery é competente e tem um histórico de vida limpo não há dúvidas. Ela é muito querida na UFAC e tem o seu trabalho acadêmico reconhecido. Claro que todos os partidos queriam Socorro nos seus quadros. Mas a sua mudança repentina de direção foi muito estranha.

Sem ideologia
O PT reclama daquilo que chamam de “golpe” contra a presidente Dilma (PT). Mas o partido continua buscando na “direita” quadros para fazer as suas composições eleitorais. Não há ideologia, mas uma busca desenfreada pelo poder.

Cenário de segundo turno
Só vou comentar um dado explícito na recente pesquisa que vi da TV Gazeta. Em todos os quadros com mais de dois candidatos a eleição só se revolverá no segundo turno. Como previsto será uma das eleições mais disputadas da Capital.

Surpresa no Juruá
Uma fonte me revelou que o deputado estadual Josa da Farmácia (PTN) andou conversando com tucanos em Cruzeiro do Sul. Dependendo das negociações poderá apoiar a candidatura de Henrique Afonso (PSDB) para a prefeitura.

Relação complicada
O pessoal do PT de Cruzeiro do Sul não gosta de Josa e vice-versa. Esse é o impeditivo para ser o candidato da FPA no município. Porque voto ele tem mais do que qualquer outro nome já sondado pela FPA. Claro que tirando o deputado federal César Messias (PSB).

Jogo perigoso
O Josa próximo do PT não significa muita coisa. Mas se o parlamentar se enveredar pela oposição poderá fazer um estrago. O trabalho do deputado nos rincões das matas e rios da região é considerável. Se pisarem demais no Josa vão acabar arrumando uma encrenca grande.

Transparência é o melhor caminho
Só para finalizar a minha análise desse caso escabroso da venda irregular de casas pela SEHAB. Defendo a entrada da Polícia Federal até mesmo para que quem for inocente saia dessa arapuca. O caso teve grande repercussão no Estado. Envolve um objeto de desejo precioso para as famílias de baixa renda, a moradia própria. As investigações têm que chegar a uma conclusão de maneira que não haja dúvidas. Os culpados punidos e os inocentes livres para seguirem as suas vidas. Se teve ou não beneficiários eleitorais na distribuição dessas casas também tem que ser bem apurado. Quem por ambição financeira decretou mais sofrimento às famílias carentes punido exemplarmente.  Portanto, a verdade tem que emergir de maneira transparente para acabar com a onda de boatos e especulações.