No depoimento em que detalha a ‘disputa de propinas’ envolvendo a compra de votos para a aprovação da emenda constitucional da reeleição em 1997, episódio mais polêmico do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB/1994-2002), o ex-deputado e delator da Lava Jato Pedro Corrêa (PP-PE) revelou que o ex-deputado Ronivon Santiago (ex-PFL, PMDB e PP) que admitiu ter recebido R$ 200 mil para apoiar a reeleição, também teria recebido dinheiro do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PP-SP), para votar contra a medida.
Tempos depois de ser expulso do PFL após admitir o recebimento do valor em reportagem publicada na época pelo jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, Ronivon se filiou ao PP, sigla de Corrêa. “Também veio a se filiar ao Partido (PP) um dos deputados que recebeu propina em troca do voto pela reeleição, Ronivon Santiago, que confirmou toda história ao colaborador, inclusive relatando ao colaborador que tinha recebido dos dois lados”, disse Corrêa aos investigadores da Lava Jato.
No depoimento, porém, Corrêa não cita valores que Ronivon teria recebido além dos já conhecidos R$ 200 mil. Os “lados” a que se refere o delator eram o governo Fernando Henrique, capitaneado pelo ministro das Comunicações Sérgio Motta e o presidente da Câmara Luis Eduardo Magalhães, ambos mortos em 1998, e Maluf, que havia acabado de deixar a Prefeitura de São Paulo em 1997 com aprovação de 90% e cogitava disputar a Presidência da República.
Na época, segundo Corrêa, o maior desafio para Maluf era exatamente a possibilidade de reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Para tanto, relata Corrêa, Maluf convocou ele e os deputados Severino Cavalcanti e Salatiel Carvalho “para se contrapor ao governo e também cooprtar, com propina, parlamentares que estivessem se vendendo ao governo FHC”.