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Um passo adiante

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*Archibaldo Antunes


Certa vez um conhecido me contou que fez uma visita ao gabinete do então governador de Rondônia, Ivo Cassol, e que foi avisado pelos seguranças de que teria de passar por uma máquina do tipo detector de metais.


Segundo lhe avisaram, ele deveria esvaziar os bolsos sob a pena de que, ao passar pela geringonça, qualquer aparelho eletrônico que estivesse consigo seria totalmente danificado. Era, conforme me disse ele, uma forma que Cassol encontrava de nunca se deixar gravar em conversas potencialmente comprometedoras.


Não sei se a história é verdadeira, mas ilustraria, se de fato o fosse, que alguns políticos do Norte do país, em especial um medíocre como Ivo Cassol, têm lições a dar aos experts de Brasília.


Para quem conheceu vários políticos de perto, com eles convivendo em viagens e reuniões – abertas e secretas – sabe que há muita coisa que eles conversam cuja revelação causaria estragos irreparáveis – seja na reputação, no mandato ou na carreira. Nem tudo, porém, é o que parece, uma vez que muito do que essa gente diz é pura fanfarronice.


O que acontece neste instante com o governo Temer é a constatação de que as bravatas se revestiram de perigo para os bravateiros – desde que estes, claro, sejam flagrados em alguma gravação. Legal ou clandestina.


Em uma semana, o governo interino perdeu dois ministros, ambos gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Prova também de que os limites da tolerância ficaram mais curtos no pós-petismo.


A rapidez com que o governo tem descartado aliados – ou estes mesmos se desligam dos cargos tão logo venham à tona os escândalos em que se enredaram – contrasta com o método do governo afastado.


Pilhado recebendo a nomeação para se livrar das garras de Sérgio Moro, Lula não fez menção alguma de desistir da Casa Civil e a presidente afastada e a militância petista trataram de desqualificar o juiz. Foram 12 ações contra Moro até agora, das quais ele vai se livrando uma após a outra.


A interinidade de Michel Temer requer cuidados especiais, é verdade, mas sua condução no governo se diferencia dos métodos de sua antecessora também por questões de princípio. É um passo adiante, sem dúvida nenhuma.


Quero crer que a Lava Jato e a indignação popular não nos permitam retroagir ao estágio anterior, quando as autoridades faziam pouco caso da justiça e se mantinham nos cargos ainda que apanhadas em delito.


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