Aos poucos minguam as indignações contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Faz parte da estratégia do PT em isolar a companheira. A própria Dilma, a despeito de toda a inabilidade política, já fora alertada de que, uma vez afastada pelo Senado, seria “carta fora do baralho”. E, inadvertidamente, verbalizou a lição em uma entrevista coletiva.
Os petistas se agarram à esperança de que Michel Temer se dê mal no governo interino não para que Dilma regresse ao cargo, onde não teria condições de governar – mas que eles retomem, com Lula, o discurso de salvadores da pátria.
Editorial do jornal O Estado de S. Paulo de sexta-feira especula que Lula torce para que a companheira não regresse ao Palácio do Planalto; que deseja que o governo de Temer naufrague, e que as pretensões de Sérgio Moro não vinguem e ele possa, livre, leve e solto, regressar ao poder em 2018.
Aliás, essa é a lógica por trás de todas as teorias a favor do impeachment de Temer, na esteira do afastamento de Dilma. São, porém, fatores alheios à força do PT e seus acólitos, reduzidos que estão à condição de meros opositores radicais a tudo aquilo que é feito pelo novo governo.
Não é admissível – ainda que pragmaticamente possível – que os petistas e seus áulicos sejam capazes de fazer oposição a qualquer preço, antes defendendo bandeiras que renegaram no governo, ou renegando iniciativas que antes defendiam como governistas.
O Partido dos Trabalhadores, alvo da Lava Jato, da imprensa e da indignação popular, se reduz a uma sigla que torce para que o pior aconteça – na esperança, claro, de que isso signifique a salvação de parte de seu espólio político.
Para tristeza de milhões de eleitores, o PT provou que não é melhor que os demais partidos brasileiros. É apenas pior em sua presunção de achar que pode, ante todas as evidências, se arrogar o direito de continuar se achando diferente.
