Conselho editorial
Não resta dúvida de que o mau momento do PT vai refletir nas eleições deste ano. Tanto é assim que 135 prefeitos deixaram a sigla este ano. A debandada tem a ver, claro, com o afastamento de Dilma Rousseff da presidência, a dificuldade em levantar fundos de campanha num momento de crise e com o descrédito do eleitor quanto à estrela vermelha.
O prefeito Marcus Viana, que fez campanha num momento de estabilidade política e de prestígio dos seus líderes, terá de andar com as próprias pernas até as eleições de outubro. Não poderá contar com Lula e Dilma em suas mensagens de rádio e TV devido ao potencial ofensivo dessas duas figuras. E manda o bom senso que fique longe do desgastado governador Tião Viana como cabo eleitoral. A militância petista, enfraquecida e desestimulada, também não deverá ajudar como nas eleições passadas. No conjunto, portanto, o cenário é desfavorável.
Marcus contava com a inauguração de algumas obras para alavancar a própria imagem no período pré-campanha. Mas pelo andar da carruagem, o Shopping Popular, por exemplo, não deverá ficar pronto. Resta ao prefeito andar, andar e andar.
E enquanto anda, a assessoria de imprensa de Marcus Viana trabalha. É uma visita à obra aqui, uma vistoria ali, uma fiscalização acolá. No final das contas, muita movimentação pelos bairros, alguns releases para as redações dos jornais e pouca produtividade. Talvez o prefeito da capital fizesse mais se fizesse menos… visitas!
Afinal, sem a presença do prefeito, as coisas andam. E se não andam não haverá de ser porque ele deixou de comparecer a uma obra, mas porque o governo da companheira Dilma afundou a economia do país num déficit de quase 200 bilhões de reais.
Até mesmo a fama de madrugador não ajudará o prefeito petista na sua tentativa de reeleição. O povo de Rio Branco não quer saber se Marcus Viana acorda às cinco da manhã e vai dormir depois de meia-noite. Não. O que o eleitor vai cobrar é o asfalto na sua rua, a água na torneira, o atendimento médico no posto de saúde. São questões para cuja inexistência ou precariedade não contam as horas de vigília ou de sono do prefeito.
E como o PT vai de mal a pior, resta a Marcus Viana torcer para que o governo de Michel Temer também desande – aliás, convenhamos, este é o desejo de todo petista. Assim, com Temer a naufragar, ele e sua turma poderiam usar o discurso de que o PMDB prejudica a sua gestão. E atrelariam a imagem de Eliane Sinhasique às figuras execráveis da legenda adversária.
Viana precisa rezar, também, para que a oposição não se organize em torno de um único nome, que Tião Bocalom (DEM) desista de ser candidato, que os partidos da Frente Popular não debandem pra oposição e que Lula não seja preso até outubro (pois do jeito que as coisas caminham neste país, é impossível prever o que vai acontecer até lá).
É o que resta ao prefeito Marcus Viana, além de andar por aí, fiscalizando obras e pautando os jornais locais.