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Um voo sobre o imaginário acreano – artigo de Elson Martins

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Da Redação
A obra versa sobre a compreensão do desenvolvimento sustentável (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O livro Acre – o Voo da Águia, do engenheiro agrônomo José Fernandes do Rêgo, mestre em economia, doutor honoris causa pelo Instituto Federal do Acre (Ifac) e professor aposentado da Universidade Federal do Acre, é uma obra bem feita e necessária à compreensão do desenvolvimento sustentável e da economia verde na Amazônia Brasileira, tema colocado como subtítulo e passo a passo debulhado com  fervor acreano.


Recém-lançada, a obra também se mostra oportuna ao tratar do esforço histórico e resistente do Acre pela valorização da Amazônia. Trata-se de uma proposta de exploração sustentável da riqueza potencial da região com o viés ambiental e cultural, econômico, social e político. O autor fala de uma realidade que conhece bem desde os anos 1970, como cientista social e gestor público.


Originário do Nordeste (uma das matrizes do Acre), Rêgo acumulou por aqui conhecimento e sentimento suficientes para entender e ensinar a sustentabilidade como opção de vida em tempos conturbados. Na segunda metade dos anos 70, aprendeu lições de política com o ex-governador Geraldo Mesquita, seu padrinho na vida pública, e pôde dialogar com o seringueiro Chico Mendes, de cujas ideias se valeu para formatar o conceito de neoextrativismo, introduzido no planejamento do governo.


O autor é pessoa autorizada a explicar detalhes do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Acre, o PDSA, que começou em 1999, no primeiro mandato do PT com a Frente Popular, e  amadureceu com bons resultados até alcançar a fase atual de produção e produtividade. O professor acompanhou a trajetória e certamente a enriqueceu como economista e estudioso da região.


O livro é abrangente e confiável acerca das mudanças que ocorrem no Acre, de 1970 para cá. Na apresentação, sob o título “Propósito e Gratidão”, isso fica claro: “A nossa inspiração é o sonho de um povo e a busca de sua realização por índios, ribeirinhos, agricultores familiares, posseiros, trabalhadores urbanos de todos os matizes, profissionais liberais, estudantes, empresários, políticos, magistrados, lideranças religiosas, enfim, mulheres e homens unidos por essa causa”.


Rêgo não se acanha de manifestar erudição. Recorre a William Shakespeare, por exemplo, para reforçar suas próprias convicções: “Ser grande é abraçar uma grande causa”! Ou seja: a de plantar um sonho novo, “de um Acre desenvolvido e sustentado”.


Conduzido nesse tom, o Voo da Águia veio para ficar como livro de cabeceira, principalmente para pessoas que acham importante embarcar nesse “sonho novo”. É uma obra bem fundamentada, com informações privilegiadas, colhidas por um mestre que encontrou a linguagem apropriada para tornar atraente a leitura de um tema árido.


Apostando na simplicidade, José Fernandes do Rêgo escreve como um doutor honoris causa que enxerga com o coração. E com esse olhar descreve plano e estratégias de governo, desenvolvimento de cadeias produtivas, gestão ambiental, políticas para os povos indígenas, inclusão produtiva e combate à pobreza, cultura, juventude, justiça e direitos humanos – lembrando a toda hora o comprometimento governamental com os povos da floresta.


A propósito, o capítulo I do livro está assinado pelo governador Tião Viana e pelo jornalista Gilberto Braga , assessor, que esclarecem sobre a escolha da Águia (na verdade, do Gavião Real) para a capa da publicação. “Os índios veem na águia da Amazônia ‘o espírito mais intrépido da floresta’”, afirmam, lamentando que em cidades como Rio Branco, “a juventude de hoje represente a primeira geração que cresceu sem o privilégio de uma infância alegrada pelo festival de aves que dividia com o sol, a lua e as estrelas a tarefa de embelezar os céus da Amazônia”.


Uma vantagem do livro de Fernandes do Rêgo é exatamente mostrar a importância de repovoar os céus do Acre com essa passarada. Outra é dizer como, usando a força, a determinação e os objetivos simbólicos do gavião real, tornar isso possível, sem abrir mão da ciência e da tecnologia, e também de um governo parceiro que alimente tais ideias.


Rêgo lançou o livro em abril (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
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