Conselho editorial
Numa única semana de governo interino, Michel Temer e sua equipe tiveram de justificar a ausência de mulheres no novo ministério e suportar o chilique dos que queriam intacto o Ministério da Cultura. No primeiro caso, Temer respondeu com o convite à economista Maria Silvia Bastos Marques para que ocupe a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E no segundo, prometeu aumentar a verba pra cultura no orçamento do ano que vem.
Ainda assim, segue a gritaria contra o governo em exercício. Uma hora ele não gosta de pretos e pobres, outra ele odeia as representações genuínas da cultura brasileira. Tudo papo furado.
E ainda que Temer consiga soerguer a economia do buraco de 170 bilhões de reais em que Dilma nos enfiou, algo sempre haverá para servir aos ataques da oposição rasteira, marca maior do lulopetismo.
Até mesmo o senador Jorge Viana, que no Acre usa um discurso mais realista e por isso menos afeito aos arroubos da militância estridente, no cenário nacional empunha as mesmas armas que os correligionários na hora de criticar o novo governo.
A última de Viana foi “denunciar” que Temer ergueu uma barreira perto do Palácio do Jaburu, onde mora, com a intenção de isolar Dilma no Palácio da Alvorada.
Se a honestidade fosse o forte dessa gente, Viana admitiria a tendência de que Dilma seja isolada pelo próprio partido, ansioso em desfazer-se do peso de carregar uma presidente afastada pelos danos que suas decisões causaram à economia do país.
O que se passa em Brasília e reverbera na imprensa e nas redes sociais é o que acontecerá no Acre “caso” a oposição vença as eleições para a prefeitura da capital e o governo do Estado. Variações dos mesmos discursos serão usadas contra os novos governos tão logo os petistas se vejam destituídos dos privilégios aos quais se acostumaram em quase duas décadas de poder.
Pelo que se passa em Brasília, ninguém mais duvida que os companheiros são especialistas em fomentar cizânias. E aqui, claro, não será diferente. Mas os discursos incitam o povo a guerrear em nome de uma democracia que só os petistas dizem está ameaçada.
Consola, porém, saber – e pra constatar isso basta frequentar a página dos parlamentares petistas no Facebook – é que eles aumentam o volume do berreiro na medida em que mínguam as plateias.
O PT fala mais – e mais alto – quanto menor vai se tornando o número de pessoas dispostas a ouvir.
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