A crise na saúde pública do Acre parece caminhar para um futuro incerto. Uma decisão da juíza Isabelle Torturela, do Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Rio Branco não está sendo obedecida pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). O órgão foi obrigado a fornecer medicamentos a duas portadoras do lúpus, uma doença degenerativa que pode levar à morte.
Com o passar dos dias, e sem a medicação orientada pela médica que as acompanha, o quadro clínico das pacientes só piora. As dores e inchaços só aumento à medida que as crises aparecem. É o que conta Bruna Colin, que descobriu ser portadora da doença há quatro anos, quando teve uma gravidez interrompida.
“Convivo com essa doença há quatro anos. Quando tenho crises fico de cama. Eu sei que a secretaria tem muita coisa para fazer, mas espero que eles resolvam o meu problema. Ate hoje, por exemplo, nunca me procuraram ou disseram se vão pagar pelo menos a multa por não entregarem o medicamento. Já vai completar dois meses e nada de repassarem o remédio. Esse medicamento vai me ajudar muito, de verdade, não aguento mais tantas crises”, acredita.
“Eu já procurei a Secretaria três vezes, mas infelizmente eles não conseguem resolver o meu problema. Fui lá quando eu soube que tive meu pedido atendido, mas ele me pediram para aguardar a compra. Já se passam mais de um mês e dez dias, e até agora eu continuo sem o meu medicamento, tenho dores e o que eu quero é que o governo haja, que a Saúde cumpra o que a Justiça determinou”, diz a jovem, emocionada.
Segundo a Secretaria de Saúde, entidade pública que não está obedecendo a decisão do Poder Judiciário, o processo de compra dos medicamentos já estão em curso, mas ainda no aguardo do fornecedor. Sobre as multas que devem ser pagas pelo descumprimento da decisão judicial, o Departamento Jurídico da pasta informou que os procedimentos devem ser feitos pelas próprias pacientes, junto Às instituições cabíveis.
SOBRE O LÚPUS
O lúpus eritematoso sistêmico (LES ou lúpus) é uma doença autoimune, ainda de causa desconhecida, que pode afetar praticamente qualquer parte do corpo. O sistema imune dos indivíduos passa a não diferenciar suas próprias células de células ou outros organismos invasores. Como resultado, o organismo dos doentes passa a atacar sua próprias células, dando origem a inflamações e danos nos tecidos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3% da população mundial tem ou irá desenvolver o lúpus. A doença é mais comum entre mulheres negras e latinas. O tratamento precoce é de fundamental importância para garantir a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes.
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