Conselho editorial
Os acreanos acordaram sob a “estridência” das mensagens anti-Temer no centro da capital. Militantes petistas picharam o asfalto e estenderam faixas e cartazes contra o PMDB e o novo governo. O protesto citava os sete ministros nomeados por Michel Temer investigados na Operação Lava Jato. Sobrou até para a pré-candidata do PMDB à
Prefeitura de Rio Branco, Eliane Sinhasique, chamada de “golpista suja”.
Ao que parece, o PT voltou à oposição. O que significa que teremos barulho até o último dia do novo governo. No domingo, 15, foi inaugurado panelaço contra Temer. Mas a algazarra será inócua. Pois ninguém em sã consciência haverá de dar crédito a uma militância que agora vocifera contra os indiciados do novo governo, tendo ficado quietinha enquanto a Lava Jato avançava sobre os companheiros.
Em nome de um projeto político longevo, o PT gastou seu principal capital: a credibilidade. Foi ela que fez do partido uma referência para os eleitores enquanto Lula não tinha chegado ao poder. Foi ela que alavancou os índices positivos do governo mesmo quando a sigla chafurdava na lama do mensalão. E também foi a credibilidade que propiciou a eleição de Dilma em 2010, e sua reeleição em 2014. Mas acabou. A confiança perdida não se restaura com gritos no meio da rua, com cartazes nas praças, com pichação no asfalto, ocupação de prédio público, bater de panelas e vomitação no site da Globo.
Sob a justificativa de atazanar Temer, o PT acreano acena com a real intenção ao bater no PMDB: atingir Eliane Sinhasique, a principal ameaça hoje ao prefeito Marcus Alexandre. Afinal, não faz sentido exigir mulheres no ministério do novo governo e desacatar a deputada peemedebista, como fez a militância do PT. Cada um sabe, afinal, onde o sapato aperta.
E do jeito que as coisas estão para o lado dos companheiros, resta duvidar da eficiência de suas campanhas difamatórias. Foi-se o tempo em que a palavra do partido, sempre ácida em relação aos adversários, entronizava-se como verdade absoluta na mente dos eleitores.
Tamanha é a rejeição ao petismo que não será surpresa alguma se as ofensas de hoje alcançarem resultados bem diferentes dos pretendidos. Outrora, o barulho da militância vermelha amedrontava os opositores. Agora apenas irrita a assistência.
No processo de admissibilidade do impeachment na Câmara e no Senado, o PT se esgoelou o quanto pôde. E não levou. Acabou-se o tempo em que os petistas ganhavam tudo no grito.
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