Conselho editorial
A guerra por cargos na estrutura federal baseada no Acre já foi deflagrada pelos partidos aliados de Michel Temer. Com a batuta nas mãos, o deputado federal Flaviano Melo (PMDB) é quem vai reger a orquestra dos desesperados – afinal, são quinze anos longe de uma fonte de renda estatal.
Há duas perspectivas decorrentes da mudança de governo em Brasília. A primeira é que, a partir da barganha que as nomeações representam, o PMDB se fortaleceu inclusive para determinar futuras alianças nas eleições deste ano. E a segunda se apresenta revestida de preocupação quanto à capacidade técnica dos que vão ocupar os cargos deixados pelos companheiros.
Uma vez que o apoio ao impeachment da presidente Dilma se deu em parte pela repulsa ao aparelhamento do Estado, com a indicação de pessoas sem qualificações necessárias para ocupar postos relevantes, a cobrança não deixa de existir pela simples troca de comando. O Estado brasileiro é caro, está inchado e tem sido mal administrado ao longo de décadas. Trocar as bandeiras partidárias não é suficiente para atender os anseios de um povo cansado de pagar a conta feita pelos nababos do serviço público via impostos escorchantes.
Quanto ao fortalecimento do PMDB, ele pode ser visto na adesão imediata do ex-deputado federal tucano Marcio Bittar à pré-candidatura de Eliane Sinhasique à prefeitura de Rio Branco. Tão logo foi anunciado Temer como interino na Presidência da República, Bittar se apressou em justificar o desejo de alinhamento com os peemedebistas do Acre a partir da participação do PSDB no novo governo.
É claro que a iniciativa do tucano faz sentido. Tanto quanto sua percepção de que o caminho mais curto para ocupar os espaços vazios da administração pública é o matrimônio político com o PMDB. Se os tucanos terão de engolir Sinhasique como contrapartida à divisão dos lucros no novo governo, que seja! Afinal, Marcio Bittar sabe a dor de ser oposição e a delícia de usufruir das benesses advindas da estrutura estatal. Ou alguém esqueceu que ele e a mulher, Marcia, após perderem a eleição de 2006 para o governo do Acre, foram acoitar-se na gestão de Eduardo Braga, no Amazonas, como marajás do serviço público?
Eterno candidato a prefeito de Rio Branco e governador do Estado, Tião Bocalom também passou nessa quinta-feira por Brasília. Alegou ter sido chamado pelo presidente do Democratas, José Agripino, para tratar de assunto cujo conteúdo não foi informado à imprensa. Mas qualquer semiletrado em política pode intuir quais temas foram tratados no encontro, não é verdade?
Os cargos de livre nomeação não apenas apetecem os partidos aliados de Michel Temer como a sua ocupação incomoda o governador Sebastião Viana. Aos mais íntimos, ele tem confessado sua preocupação com o uso desses espaços para as manobras da oposição.
Se o PT não se acanha de deplorar a imoralidade somente quando ela está a serviço dos desafetos políticos, seus adversários não demonstram embaraço algum em tirar proveito das práticas que costumam criticar com tanta veemência.
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