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Temer na presidência facilitará a união das oposições no Acre

Por
Nelson Liano Jr.

A política brasileira é fisiológica. Sempre tem que se ter algo para trocar que facilite os acordos políticos. Ou alguém acha que a Frente Popular do Acre, comandada pelo PT, chegou a ter 17 partidos por questões meramente ideológicas? Ou por amor à causa? Evidentemente que nem o mais analfabeto político sabe que não. Essa grande união de partidos da FPA foi fruto do objeto mais desejado da política, a perspectiva de poder. Os cargos comissionados dos Governos Federal e do Estado e das prefeituras do PT sempre foram o elo mais forte dessa propagada unidade da FPA. Agora, com a queda da presidente Dilma (PT) a roda começou a girar em outra direção. Os cargos federais passarão para a mão do PMDB e de partidos aliados como o PP, PSDB, PSD e DEM. Isso abrirá novas perspectivas de poder no Acre o que facilitará sobremaneira o entendimento entre os partidos que fazem oposição ao PT. Assim funciona a política dentro do atual sistema. Não adianta querer dourar a pílula. As questões ideológicas estão relegadas ao terceiro plano. O que importa são os cargos que podem abrigar os grupos políticos que gravitam em torno do poder. Foi assim com o PT e será assim também com os partidos de oposição. Portanto, já nas próximas eleições municipais de outubro a união dos partidos da oposição acreana sofrerão um grande impulso. Aquilo que parecia impossível de juntar se unirá naturalmente em torno da perspectiva de poder.


Os primeiros passos


A conversa que tive nesta quinta, 12, por telefone, com o ex-deputado federal Márcio Bittar (PSDB) mostra que essa tese é real. Ele me disse que como o PSDB fará parte do governo de Michel Temer (PMDB) será natural uma união no Acre entre os partidos para a disputa das próximas eleições municipais.


A palavra de Bittar


“Esse é mais um elemento que aponta para a unidade no Acre. Está na hora das lideranças de oposição acharem um ponto de convergência e aproveitar esses ventos de mudanças que sopram em toda a América Latina. Vou conversar com os deputados federais Major Rocha (PSDB) e Flaviano Melo (PMDB) para que os diálogos se intensifiquem nesse sentido. Mesmo porque toda essa articulação converge para a candidatura da deputada estadual Eliane Sinhasique (PMDB), em Rio Branco, que foi a candidata de oposição que se viabilizou,” afirmou Bittar.


De olho nos cargos


Márcio Bittar destacou ainda que a partir de Temer os cargos federais no Acre vão para a mão da oposição. “Essa é uma responsabilidade para dar uma resposta positiva à nossa população. É preciso estar preparados para esse desafio,” refletiu Bittar.


União também em Cruzeiro


A tese de candidatura única de oposição para a disputa da prefeitura de Cruzeiro do Sul também poderá tomar novos contornos. Existem articulações nesse sentido. Se essa tese vai vingar só o tempo dirá, mas existem esforços nesse sentido.


Liderança natural


Até por ser o mais experiente político de oposição, o deputado federal Flaviano Melo (PMDB) deverá liderar o processo de diálogo das oposições no Acre. Flaviano é ponderado e não tem mais a perspectiva de poder de um jovem politico em começo de carreira. Mesmo porque já ocupou todos os cargos majoritários relevantes no Acre. Isso é um facilitador.


Bem conectado


Além disso, Flaviano tem uma relação de amizade pessoal com o atual presidente Michel Temer. Sabe bem como se mexer politicamente em Brasília e deverá usar esse conhecimento para abrir novos caminhos aos partidos de oposição no Acre.


Abandonando o barco


Se a perspectiva de poder mudou de direção aguardem a debandada dos pequenos partidos da FPA. A maioria desses grupos políticos, com pouca representação política, sobrevivem praticamente das migalhas que caem da mesa do poder.


Efeito cascata


O poder cansa e desgasta. O Acre já vive um ciclo do PT há 17 anos no Estado e quase 12 na prefeitura da Capital. A roda política mudou de direção e resta saber se esse efeito cascata provocará mudanças no Acre. O teste de fogo serão as eleições municipais de outubro.


A fonte pode secar


Um elemento a ser considerado nas próximas eleições é que a máquina do PT não terá mais tantos recursos financeiros disponíveis. Isso deverá provocar uma disputa mais igualitária em que a sola de sapato e o gogó estarão mais valorizados.


Desmentido


A deputada Eliane Sinhasique afirmou à coluna, que ao contrário do que disse o deputado Jenilson Leite (PC do B), ela nunca fez acusações contra profissionais de saúde. Ela destacou que as suas críticas sempre foram no sentido de uma investigação das causas das mortes de recém nascidos na Maternidade Barbara Heliodora, na Capital, mas sem nunca ter acusado médicos ou enfermeiros.


Fidelidade


O senador Jorge Viana (PT) juntamente com o senador Vicentinho Alves (PR-RO) entregaram a carta de afastamento da presidente Dilma, nesta quarta, 12. Assim Jorge foi testemunha ocular e presente de um dos momentos mais tristes da história do seu partido.


Discurso incendiário


Dilma promete resistir e fazer política (o que não tinha feito até agora) para se manter no cargo. Serão 180 dias de pesadelo para Dilma analisar as falhas que a levaram a derrocada e a esse momento de impedimento. Fora da cadeira de presidente tentará mobilizar os movimentos sociais para uma rebelião.


Tarde demais


Dilma e o PT tiveram quatro meses antes da votação na Câmara Federal para conseguirem 172 votos e barrar o processo de impeachment. Não ter conseguido nem ao menos um terço dos votos dos parlamentares revelam a extrema incompetência do seu governo.


Derrapadas nas curvas


Não entendo porque o PT não colocou desde o começo do governo Dilma o ex-presidente Lula como seu articulador político. Esperaram Lula se enrolar em denúncias para nomeá-lo ministro quando a água já estava no pescoço da presidente.


O jogo é para ser jogado


Nenhum presidente sobrevive se não tiver uma boa articulação política. Existem três poderes centrais constituídos, Executivo, Legislativo e Judiciário. Um chefe do Executivo depende do Legislativo para se manter. Afinal, são os deputados federais e senadores que aprovam os seus projetos. Quando desdenhou do apoio dos parlamentares se encastelando no poder, Dilma decretou a sua derrota. Agora, o que me parece inacreditável é o fato dos petistas que gravitavam a sua volta não a terem prevenido que estava trilhando um caminho perigoso e sem volta. A não ser que Dilma não tivesse ouvido os apelos, o que parece possível pela sua personalidade centralizadora. O fato é que o PT quis jogar o jogo com as suas regras. Com uma vitória muito apertada em 2014, o Congresso Nacional dividido e uma crise econômica não havia espaço para manter tanta tranquilidade no poder. O mundo deu uma das suas voltas e atirou para fora a arrogância de quem se julgava mais do que era realmente.


 


 


 


 


 


 


 


 


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