Conselho editorial
A delonga dos discursos no Senado, que votou nessa quinta-feira, 12, a admissibilidade de impeachment de Dilma Rousseff, foi compensada pela votação relâmpago: em menos de dois minutos, Dilma ficou sabendo que fora oficialmente dispensada das obrigações presidenciais por 180 dias.
Às 6h32 (horário de Brasília) a votação foi iniciada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Às 6h34, o Brasil já sabia que Michel Temer era o novo presidente interino da Nação.
Comparada à votação na Câmara dos Deputados, a do Senado foi bem mais sóbria e menos emocionante. Não houve arroubos de patriotismo e nem votos dedicados aos filhos, ao cônjuge, ao futuro do país. Ponto para o equilíbrio, em prejuízo do entretenimento coletivo.
Dilma e seus acólitos sabiam que ela não resistiria ao desejo de assepsia dos que veem a hora de se livrar do entulho petista. Antes mesmo de começar o processo, os aliados davam como certo o afastamento. Afinal, bastava apenas uma minoria simples de senadores (41) para que fosse temporariamente afastada das funções. Ainda assim, os companheiros se agarravam à esperança de que a margem fosse menor que o número necessário ao afastamento definitivo. Os 55 votos a favor do impeachment – um a mais que o necessário para se defenestrar a presidente de uma vez por todas, em eleição a se realizar dentro do prazo de seis meses – deu aos companheiros a dimensão da tragédia.
O tom patético do dia ficou por conta da presidente, ao receber a notificação do afastamento e perguntar, candidamente, se podia ficar com uma cópia do aviso prévio.
Mais tarde, uma foto que circulou no Acre, na qual Sebastião e Jorge Viana aparecem ao lado do ex-presidente Lula, revela que Dilma de fato é, conforme havia preconizado, uma carta fora do baralho. Pois ela não foi apenas escorraçada do Palácio do Planalto pelos adversários políticos, como será relegada ao esquecimento por obra dos próprios correligionários.
A partir de agora, Dilma é apenas um estorvo ao projeto de retomada de poder pelo partido, que tudo haverá de fazer para apagar do próprio currículo o seu protagonismo desastroso.
Resta aos acreanos a certeza de que mais tempos difíceis virão, com um governo órfão de apoio federal, paralisado pela falta de verbas e aferrado à tola presunção de que fará alguma diferença como adversário do novo presidente da República.
Dilma deixou ao sucessor um país devastado pela crise. Sebastião nos legará um Estado muito pior do que lhe foi entregue.
É o preço a pagar pela esperança depositada no PT.
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