A política brasileira talvez tenha vivido um dos dias mais conturbados da sua história. Isso porque o presidente interino da Câmara Federal, deputado Valdir Maranhão (PP-MA), resolveu anular a votação da Casa que encaminhou o processo de impeachment da presidente Dilma (PT) ao Senado. Apesar dos 367 votos dados pelos deputados federais, Maranhão, nesta segunda, 9, tomou uma decisão monocrática que gerou muita polêmica em todo o país. Conversei por telefone com o senador Gladson Cameli (PP-AC). Ele garantiu que na próxima quarta, 11, o impeachment irá à votação no plenário do Senado. Mesmo porque o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) ignorou a decisão tomada pelo presidente interino da Câmara. Gladson adiantou ainda que Valdir Maranhão será expulso do seu partido, o PP.
Consequências econômicas
Gladson Cameli ressaltou que o Brasil está parado por conta da espera de uma decisão política que afeta a sua economia. “Essa questão do impeachment tem que ser resolvido rapidamente. O Senado tem que dar uma resposta à sociedade brasileira para o país voltar à sua normalidade,” destacou.
Jorge Viana defende Maranhão
Por outro lado, o senador Jorge Viana (PT-AC) fez uma defesa veemente à decisão do presidente da Câmara na tribuna do Senado. “Fico chocado quando alguns senadores dizem que os acontecimentos da Câmara foram um ato jurídico perfeito,” ironizou. Jorge disse que Renan não pode aceitar a desmoralização do Senado como aconteceu com a Câmara. “Ainda dá tempo para nós não copiarmos a Câmara que poderá ter um terceiro presidente em poucos dias,” finalizou.
Sugestão
Jorge Viana sugeriu que o Senado deveria enviar ao Superior Tribunal Federal (STF) todo o processo de impeachment. O senador acreano ressalta que a fragilidade dos atos praticados podem gerar consequências jurídicas.
Jogo de interesses
O deputado Valdir Maranhão trabalha politicamente com dois opostos. Foi um dos maiores aliados de Eduardo Cunha, mas agora está sob a influência do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). De repente, passou da oposição à posição governista e criou uma grande confusão.
Objeto do desejo
Segundo o noticiário político brasileiro Valdir Maranhão quer permanecer como presidente da Câmara Federal. Ele esteve com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) na última sexta, 6. Mas não deve ter ouvido a garantia de que permanecerá no cargo, no caso do afastamento definitivo de Cunha. Portanto, procurou o outro lado tentando criar uma ponte de reversão ao impeachment.
Política fisiológica
O Brasil assiste chocado a um balcão de negócios que se estabeleceu no Congresso Nacional, Câmara e Senado. A política perdeu o foco do seu objeto mais importante, a promoção de transformação e bem estar da sociedade brasileira. Os interesses pessoais foram colocados acima dos interesses coletivos.
Perigo de retrocesso
A política brasileira virou uma piada. A credibilidade da população nos seus representantes caiu a zero. Poderia se dizer que essa atividade tem a tendência de ser tornar criminalizada. Não há mais confiança com tanta corrupção e interesses pessoais.
Assim ninguém aguenta
O assunto impeachment parecia resolvido. O país começava a mostrar reações econômicas com a possibilidade de um novo governo. O otimismo, aos poucos, incentivava os empresários a novos investimentos. O mercado financeiro há alguns dias vinha apresentando uma estabilidade em relação a Bolsa de Valores e ao Dólar. Mas, como disse o ex-presidente francês, Charles De Gaule, parece que os nossos políticos querem provar que “o Brasil não é um país sério”. O fato é que não existe nenhuma condição nem política e nem de aprovação popular para que a presidente Dilma continue governando. Se o Temer será melhor ou pior que a atual presidente só o tempo dirá. No entanto, não existe apoio social para um retrocesso do impeachment. Isso é fato consumado. Os motivos paralelos serão objetos de estudos dos historiadores. Mas não há condições do país continuar diariamente vivendo esses solavancos políticos que estão determinado o sofrimento de milhões de brasileiros e brasileiras.
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