Conselho editorial
O cronograma de entrega de obras anunciadas outrora pelo governo do Acre deverá sofrer uma significativa alteração com a crise econômica. Não há dinheiro para tocar os serviços e fazer as entregas a tempo de beneficiar o candidato a prefeito da capital, Marcus Viana, e os apadrinhados do interior.
Daí o abatimento do governador, relatado por um assessor próximo. O clima anuviado nos entornos do poder se adensa sobre todas as cabeças, e muitos subalternos têm pisado em ovos, temendo uma reação do chefe que lhes custe o pescoço.
Sebastião está sitiado. Sem verbas para aplacar o mau humor dos fornecedores, os companheiros não poderão solicitar deles as gordas contribuições de campanha; sem aprovação popular, o governador não se arrisca a se expor em público como mero vendedor de esperança; com o desgaste de Dilma Rousseff, a contaminação é inevitável; e ante a crise econômica, não há como assegurar aos cabos eleitorais as boquinhas de todas as eleições.
Míngua a agenda fora do gabinete. A ponto de Sebastião Viana ter enviado, para a posse de novos médicos que recentemente passaram a integrar o sistema público de saúde, a vice, Nazaré Araújo. O isolamento, pasmem, impõe distância daqueles com os quais o governador, a princípio, deveria ter maior proximidade.
Restringem-se as ações aos famosos cafezinhos com Sebastião, a gosto do visitante: com ou sem açúcar. Mas o amargor não está apenas na beberagem pura que desce a cada dia mais indigesta – está na incapacidade do governo em reagir à paralisia.
Nesse clima de indefinições e esvaziamento, esboroam-se as possibilidades de continuísmo, anula-se a criatividade dos que antes tinham soluções para todos os impasses. A realidade do país se impõe como uma nota triste pra um pequeno Estado cujos governantes já se iludiram ante a própria bravata de que davam exemplo ao restante do país.
Restou-lhes o orçamento modesto e o malabarismo para manter os salários em dia, principal bandeira do continuísmo.
E no ambiente de devotos à causa perdida (cada vez mais rarefeitos pela realidade que se impõe), a militância vai entregando os pontos, ciente de que é inútil apoiar-se no jargão anti-golpismo na tentativa de retrucar fatos.
Sem apoio popular, até mesmo as pequenas conquistas do governo são recebidas com desdém e até ofensas nas redes sociais. Assim foi com o anúncio de que Sebastião havia descolado, em Brasília, R$ 320 milhões para recuperação da BR-364.
O governo Dilma tem prazo pra sair de cena. O de Sebastião Viana vai ficar entalado na garganta dos acreanos até 2018.
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