Conselho editorial
Já foi dito pelos colunistas deste site que as tratativas partidárias com vistas às eleições de outubro estão emperradas devido ao julgamento da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal. Até que se resolva se ela deve ou não ser afastada por 180 dias, e o que advirá desse possível afastamento, os partidos no Acre estarão em banho-maria. É que o período, por ser elástico o suficiente para que o vice-presidente Michel Temer possa articular-se a fim de permanecer no cargo até as eleições de 2018, haveria de modificar todo o cenário político.
Da mesma forma como em Brasília alguns partidos não embarcaram na tentativa de aliciamento do governo, quando da votação da admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados, seus representantes no Acre não veem a hora de deixar a Frente Popular. Tanto aqui como lá em Brasília, o tratamento que se dispensa aos aliados do PT são vexatórios, desrespeitosos e excludentes – no que diz respeito, é claro, à divisão dos cargos estatais.
Por isso há, no âmbito de alguns partidos que compõem a FPA, um anseio quase irrefreável de que Temer assuma de vez a presidência, abrindo no Estado os cargos da estrutura administrativa federal – quase todos eles também ocupados pelos companheiros. Seria a única forma de declarar independência do governo de Sebastião Viana.
Não por outro motivo, que não seja esse sentimento de retaliação que cresce ante os tratamentos humilhantes, é que pequenos partidos como o PHS não aderiram, no plano nacional, ao governo no momento do naufrágio político. E por esse mesmo motivo que, também no Acre, o PHS começou a falar grosso tão logo Dilma caiu em desgraça.
Entre seguir com o grupo que nunca reservara espaço aos deputados da sigla, por sabê-los desnecessários, e optar por um novo governo capaz de reconhecer a importância de seus membros à provação do impedimento e para a manutenção da governabilidade, os humanistas, entre outros, optaram por esta última.
Da mesma forma, entre seguir com o governo estadual, cujos cargos alimentam a voracidade da máquina petista e a lealdade cega do PCdoB, ou seguir com quem lhes pode reservar ganhos imediatos e maiores do que auferiam como aliados daqueles, alguns certamente tenderão a esta última alternativa.
Por essa razão, e não por questões de patriotismo tardio, é que os aliados do prefeito de Rio Branco, Marcus Viana, não dão mostras de querer discutir sucessão neste momento delicado. Estão todos de olho nos desdobramentos do impeachment em Brasília, prontos a abandonar o barco do PT, que faz água.
Em grande parte, portanto, a reeleição de Marcus Viana depende do destino da companheira Dilma Rousseff.