Conselho editorial
Num momento de grande turbulência política no país, a oposição do Acre se limita a esperar os resultados do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Enquanto o vice-presidente em ascensão, Michel Temer, trabalha para compor seu provável futuro governo, tendo pela frente o desafio de corrigir os rumos da economia, os líderes oposicionistas não conseguem chegar, sequer, a um entendimento razoável sobre as eleições de outubro. Tampouco trabalham uma alternativa ao governo petista no que diz respeito à sucessão de 2018.
Esse velho filme, que tem como protagonistas os mesmos atores de outras campanhas, é reprisado com a tendência do desfecho conhecido. Falta-lhes, portanto, não apenas capacidade organizacional e disposição para atuar no cenário propício, como também timing
político.Não poderia haver melhor oportunidade de mostrar ao eleitor acreano que há alternativas viáveis ao projeto de governo da Frente Popular – desde que, claro, essas alternativas existam. E se elas existem, nós não as conhecemos graças à mesma inércia que mantêm os oposicionistas em stand by.
A atuação restrita ao período eleitoral tem sido a marca de um agrupamento cansado de sofrer derrotas nas urnas, mas que parece não tirar lição alguma dos seus fracassos.
Uma a uma, as lideranças de oposição parecem focadas em obter vantagens pessoais imediatas, a começar pelo tucano Marcio Bittar, que já nos acena com a pré-candidatura do filho João Paulo a vereador da capital. Na mesma fila dos que só têm olhos para os próprios umbigos aparece o senador Sérgio Petecão (PSD), cujos esforços de emplacar a mulher, Marfisa Galvão, em algum cargo eletivo são conhecidos de todos. Logo atrás dele vem Eliane Sinhasique, que de vereadora passou a deputada estadual, e desde o ano passado já pretendia, antes mesmo de esquentar a cadeira no parlamento, fazer-se candidata a prefeita de Rio Branco.
De Gladson Cameli (PP) só se ouve falar através de sua assessoria, sempre em meio a atividades partidárias menores e inteiramente desconectadas dos anseios da população. Enquanto que Tião Bocalom anuncia que será candidato a qualquer custo e independente das circunstâncias. Doa a quem doer.
Falta-lhes, pois, a sinergia necessária ao embate contra um inimigo abalado pelas adversidades, mas ainda vivo. Falta-lhes também cumplicidade com a parcela do eleitorado que, em nível nacional, já demonstrou rechaçar não apenas o PT.
Contar com o desgaste natural dos governos petistas, a ponto de caírem por si mesmos, parece uma aposta temerária e irresponsável.
E graças à falta de uma agenda positiva é que os eleitores acreanos têm repelido as reiteradas tentativas da oposição de chegar à prefeitura da capital e ao governo do Estado.