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Ruína pessoal, desgraça coletiva

Por
Roberto Vaz

Conselho editorial do ac24horas


A imprensa, de um modo geral, esqueceu-se de debitar a admissibilidade do impeachment de Dilma na conta do principal acionista da tentativa de salvação da presidente. Fala-se aqui de Luiz Inácio Lula da Silva, que semanas antes da votação na Câmara cortava os céus entre São Paulo e Brasília a bordo de um jatinho, levando na bagagem sabe-se lá o quê.


Encastelado num hotel de luxo na Capital Federal, Lula tentou esquartejar a República com a precisão cirúrgica de quem pretendia não ser injusto na partilha. Falhou. Logo ele, que saiu de casa dizendo que mostraria a todos como se faz!


Mais do que Dilma Rousseff, Lula é o grande perdedor na batalha do impeachment. Armado até os dentes de empáfia e confiante em sua retórica de sindicalista, o ex-presidente muniu-se de uma caneta cheia de promessas na certeza de que faria o diabo pra salvar a companheira. Findou vendo o navio fazer água.


Os jornais dizem que Lula chorou três vezes no domingo, 17, enquanto a presidente assistia à sessão na Câmara de forma impassível. O contraste de modos é revelador. As lágrimas de Lula dizem bem mais do que apenas o lamento apoplético de quem vê à beira da morte a galinha dos ovos de ouro. O fracasso pode ser tomado como afronta pessoal, uma descoberta tardia de que o mito, enfim, se esboroou ante a realidade.


A Lava Jato tratou de desfazer a imagem do governante íntegro, pai dos pobres, cuja biografia política quase tudo lhe permitia. E o insucesso na negociação dos votos na Câmara lhe tisnou também a fama de bom negociador. Além disso, a peroração de Lula não reverteu a opinião pública brasileira, em sua maioria a favor da deposição da presidente.


Ontem, Lula sofreu mais uma derrota pessoal. O Supremo Tribunal Federal adiou o julgamento sobre a posse dele na chefia da Casa Civil. Como não há data prevista para nova discussão do tema no STF, é muito provável que o ex-presidente não assuma o cargo antes de o governo cair.


E a lógica por trás de todos esses acontecimentos é simples: o ex-presidente sempre foi maior do que o PT, e ainda que este sucumbisse, vítima dos próprios malfeitos, aquele haveria de resgatar os companheiros na próxima eleição.


Para os petistas, portanto, pior que a cassação de Dilma Rousseff, só mesmo a ruína política de Luiz Inácio.


 


 


 


 


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Roberto Vaz

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