Conselho editorial do ac24horas
Defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff apresentam inúmeras razões para que ela seja sacada do poder. Muitos dos motivos, por questões jurídicas, nem sequer integram o relatório final da comissão encarregada de analisar, na Câmara dos Deputados, o pedido contra a presidente, que precisou se ater a fatos relativos ao presente mandato. Prova de que não há um discurso planificado, muito menos uma orquestração contra o governo, como querem fazer crer os petistas e seus seguidores.
Por outro lado, a unificação do palavrório em torno do “golpe” revela uma coesão jamais alcançada pelos adversários políticos. Do copeiro ao advogado, do faxineiro ao parlamentar mais graduado – passando pela própria presidente da República –, a peroração é uma só. Essa harmonização de vozes revela que a conspiração tem um centro de comando, capaz de fazer girar uma enorme engrenagem partidária. E este não é um caso isolado na biografia desse governo. Senão, vejamos.
No dia 14 maio de 2005, quando o presidente da República ainda era Luiz Inácio Lula da Silva, a revista Veja chegou às bancas com uma reportagem que serviria de estopim a um dos maiores escândalos da República. O personagem central da matéria era Maurício Marinho, um burocrata que àquela altura compunha o staff dos Correios.
Flagrado recebendo suborno de R$ 3 mil de uma empresa interessada em participar de uma licitação da estatal, Marinho entraria para a história como o rastilho de pólvora que detonou o mensalão.
Dias depois, o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo (PCdoB), acusaria a oposição de organizar um golpe, criando clima semelhante ao de agosto de 1954, cujos desdobramentos levaram ao suicídio de Getúlio Vargas.
Qualquer semelhança com o que ocorre hoje não haverá de ser mera coincidência. A pequena variação na versão atual consiste em afirmar que o “golpe” desembocará na supressão das liberdades individuais e no cerceamento do papel das instituições, como aconteceu em 1964 com a ditadura militar.
Em suma, os mandatários do Partido dos Trabalhadores criaram o mensalão antes de permitir o saque à Petrobras para, em seguida, em ambas as ocasiões, inventarem as entidades que os assombram com delirantes ameaças antidemocráticas. A imoralidade desse discurso reside justamente no que ele tenta esconder.
O verdadeiro golpe, portanto, se dá contra o país, a razão, a decência. E nós é que somos as vítimas.
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