Uma grávida de 23 anos teve o sonho da maternidade frustrado. A mulher passou por uma cesariana após três dias de espera pelo nascimento do filho. Moradora de Assis Brasil (AC), a jovem foi encaminhada à Maternidade Bárbara Heliodora (MBH) já com apontamento de gravidez de alto risco, mas ao chegar na Capital, não recebeu atendimento prioritário e acriança morreu ainda na barriga.
Segundo familiares, o parto só aconteceu porque um corrimento de cor amarronzada foi reclamado pela gestante. Com medo, conta uma das irmãs, a gravida pediu que uma das técnicas olhasse o que era, já que a cor não era a mesma que de sangue. “Quando eles olharam, mandaram ela fazer lá o toque e viram que não era sangue, mas as fezes da criança que estavam saindo pela vagina, dai já mandaram para a cirurgia”, dia Marlene Silva, irmã da jovem.
Logo que chegou à maternidade, conta a mãe, a informação da equipe médica foi de que não haveria prioridade para a mulher visto que todos os procedimentos são executados conforme orientação dos médicos de Rio Branco, os mesmos que a deixaram aguardando por horas, num procedimento conhecido como “parto humanizado”, quando o nascimento da criança é induzido por medicamento. Tudo, sem bom resultado.
“Eu cheguei a tomar as três pílulas. Quando eu cheguei, eu tava sentindo dores, mas depois parou, e acho que isso aconteceu porque já tinha passado mesmo da hora do parto. Lá em Assis Brasil a médica disse que não tinha ambulância para eu vir pra Rio Branco, aí eu precisei esperar o outro dia para pegar o ônibus, e isso sentido dores. Agora, ninguém vai trazer meu filho. Minha sensação é de uma pessoa frustrada”, relata a mãe.
Ainda segundo a jovem, de 23 anos, a família procurou a Direção da Maternidade, anexa ao Hospital da Criança, mas ninguém foi encontrado por lá para conversar com os familiares. “Pra quê ir lá? Nós fomos e fecharam foi a porta. Estou muito indignada. Vim para voltar com uma criança, uma criança que estávamos esperando há nove meses -taí, foram 41 semanas-, mas tô voltando sozinha, com meu marido. Meu filho já foi até enterrado”, lamenta a mulher.
O que deixou a família mais abalada, foi o fato de a criança nascer com fezes na boca, nariz e ouvidos. Isso demonstraria, segundo os pais, que o parto demorou mais do que deveria para acontecer, tanto que a jovem diz: “O que tava ali, saindo pela miha vagina, eram as fezes do meu bebê, e não sangue. O atendimento é precário, e ainda nem entregaram o prontuário do meu atendimento. Eles só ficam pedindo prazo para o que é um direito nosso!”, diz.
A Direção da Maternidade Bárbara Heliodora afirmou em Nota que “providências estão sendo tomadas” para esclarecer o caso, e que uma reunião teria acontecido ainda na segunda-feira, dia 11, para “avaliar os critérios do Ministério da Saúde” sobre os partos. Teria participado o corpo clínica da unidade de saúde.