Luciano Tavares, de Sena Madureira
O último adeus ao mais ilustre morador de Sena Madureira, o padre Paolino Baldassari, foi debaixo de chuva e ao toque do sino da igreja. Cerca de duas mil pessoas se juntaram sob as mais de dez tendas montadas do lado de fora do templo de Nossa Senhora da Conceição para acompanhar a Missa de Corpo presente do frei, conduzida pelo bispo Dom Joaquin Pertinez.
“Parece que as lágrimas do céu querem acompanhar a partida de padre Paolino”, disse Dom Joaquin se referindo à chuva. A frase do bispo foi aplaudida pelos fiéis.
Em discurso solene, Joaquin Pertinez exaltou o trabalho de Paolino Baldassari dizendo que “a história Acre, a história de nossa igreja nunca poderá esquecer da história desse homem. Mais de 60 anos dedicados ao Acre. Ele foi um evangelho vivo, um evangelho vivido. Uma entrega absoluta a causa de Deus. Nas suas inúmeras desobrigas também levou o Pão da Vida, todas as bençãos de Deus, o batismo, a medicina. Padre Paolino foi um doutor da vida”.
Após o ato solene foi entoado o cântico Ave Maria.
Sebastião Viana participou da missa sentado ao lado do assessor especial Dudé Lima e do marqueteiro Gilberto Braga, que segurou um guarda-chuva para evitar que o governador se molhasse.
O caixão com o frei Paolino Baldassari foi conduzido por homens do Corpo de Bombeiros até o túmulo construído atrás da igreja de Nossa Senhora, lugar em que posteriormente será erguido um mausoléu. Milhares de pessoas acompanharam a condução do corpo até um portão que dá acesso ao lugar em que Paolino Baldassari foi sepultado. O enterro foi restrito aos líderes da igreja, políticos e pessoas credenciadas pela igreja.
O clima na cidade
O final de semana mais longo para a população de Sena Madureira. Em todos lugares só se falava na morte de padre Paolino. Alguns moradores se sentem órfãos, outros estão como aquele filho que acredita que os pais são eternos.
Um pai, aliás, respeitado até por seus filhos rebeldes e pródigos que fecharam os bares, os clubes e as casas noturnas durante os quatro dias de luto na cidade.
A ele faziam variadas referências: médico, conselheiro, sábio, amigo, solidário, abnegado, humilde, simples, rígido, sincero, pai e santo de carne e osso. “Era um homem muito bom. Não vai ter como ele aqui nessa igreja”, dizia o vendedor de picolé apontando para o templo de Nossa Senhora da Conceição. “Ele foi um verdadeiro missionário. Nos ensinou muito”, lembrou o idoso evangélico.
O caráter humanista do frei era repetido em todas as menções que a ele eram feitas.
“Ele foi, mas deixou pra nós o ensinamento que devemos continuar suas obras”, disse pela rádio local uma ouvinte.
“Falei um pouco do padre e sei que o povo entendeu, foi pra amar e servir que este homem aqui viveu”, encerra o poeta da cidade ao microfone, minutos antes da missa de Corpo Presente, que antecedeu o sepultamento de frei Paolino.