Paolino: o homem que cuidou da saúde da alma e do corpo do povo de Sena Madureira

Luciano Tavares – de Sena Madureira

Todas as pessoas que comparecem ao velório de Paolino Baldassari, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Sena Madureira, têm uma história para contar do frei. São batismos, celebrações de casamentos, orientações em meio a conflitos, ajuda aos pobres, construção de escolas. Mas entre as mais citadas estão as histórias ligadas ao ofício de médico da floresta, da alma e do corpo.

É que além de transmitir a mensagem da Palavra de Deus como cura espiritual para a alma, Paolino Baldassari levava a cura física para as pessoas que ouviam a pregação por ele proferida. O conhecimento foi adquirido através de um curso de enfermeiro que fez na Itália e suas leituras sobre o assunto.

Com o uso de plantas medicinais, medicamentos naturais, Baldassari medicava as pessoas, consultava, aferia a pressão, fazia o trabalho de um médico. Todo atendimento, com remédios, receitas, medição da pressão e exames eram de graça, como manda o evangelho.

Na cidade, talvez não há uma só pessoa que não tenha recorrido ao padre e médico da floresta, assim ele era chamado, para ser curado de uma doença ou enfermidade. Os próprios padres recebiam orientações de saúde com frei Paolino. Dom Joaquim Pertinez, quando esteve a última vez com o frei foi consultado e mediu a pressão. Por dia, no começo de seu ministério na cidade, atendia até 120 pessoas, depois, por causa de sua saúde e idade, passou atender entre 20 e 40.

Paolino costumava consultar e fazer exames laboratoriais numa sala anexada ao templo de Nossa Senhora, lugar onde passou mal no último dia 28 de março, após atender uma pessoa.

O produtor rural José Bernardo conheceu Paolino Baldassari no seringal Santo Antônio, às margens do rio Iaco, em uma das chamadas desobrigas que o padre realizava. Ele conta que ficou curado de um problema de pressão alta depois que o frei deu a ele um medicamento e o aconselhou a tomá-lo com o chá da casca do maracujá.

“Eu vivia muito ruim da pressão. Aí um dia ele passou um remédio pra mim e pediu pra mim juntar aquela pílula com o chá da casca do maracujá. Eu fiz como ele me mandou e já faz seis anos eu nunca mais senti nada. Eu faço tudo, trabalho no sol, e não sinto mais um problema de pressão”, testemunha o senhor José Bernardo.

O aposentado Manoel Francisco Bernardo da Silva, 76 anos, conta que sofria de uma coceira na barriga até o dia em que conheceu frei Paolino e ele o medicou com “pílulas vindas da Itália”. “Era uma coceira terrível. Aí ele me deu essas pílulas da Itália e eu fiquei bonzinho”, diz seu Manoel, que conheceu Paolino ao receber a visita do padre no seringal Santa Clara, na beira do rio Iaco, onde ele morava.

“Era o médico dos médicos. Aqui a gente confiava mais nele do que nos próprios médicos”, resume o taxista Pedro Teles de Barros.