O advogado Max Araújo denunciou o diretor de Polícia Civil da capital e interior do Acre, Nilton Boscaro, pelo que considera um ato “arbitrário e truculento” do delegado.
O fato aconteceu na quinta-feira passada, 31, dia da Operação Fim da Linha, deflagrada pela Polícia Civil. O advogado se dirigiu até a delegacia da 3ª Regional na região da Baixada da Sobral a trabalho e ao circular na frente da delegacia, durante o serviço de transferência dos presos na operação, aproveitou para fotografar a área de segurança da Polícia Civil e logo após fazer as imagens de seu celular foi cercado por agentes policiais e o delegado Boscaro e “coagido”, segundo ele, a apagar as imagens feitas no local.
Um vídeo mostra o momento em que o delegado desce da viatura policial e com outros agentes cerca o advogado. O delegado está com uma arma em punho e segura no braço de Max Araújo.
“De forma arbitrária o delegado mandou eu entregar o meu celular para ele para que fossem apagados os meus registros, mas eu mencionei que não entregaria tendo em vista que não havia ordem judicial, mas o delegado falou que daria voz de prisão em razão de desobediência. Eu fui cercado pelo delegado e quatro agentes que estavam com armas em punho, assim, tive que me submeter coagidamente a apagar os meus registros”, diz.
O advogado Max Araújo diz que ficou assustado com a abordagem dos policiais. “Confesso que estou abalado emocionalmente pelo fato criminoso ocorrido em meu desfavor, pois fui vítima de uma coação e arbitrariedade. Me forçaram a apagar fotos de meu celular, assim me puxaram pelo meu braço e sacaram armas de fogo. O meu celular é objeto de meu trabalho e eu estava usando ele para registrar ação policial. Logo jamais o meu celular poderia ser violado a não ser que existisse ordem Judicial para tal”.
Procurado por ac24horas, o delegado Nilton Boscaro deu sua versão. Ele informou que pediu para que o advogado apagasse as fotos porque as imagens registradas eram da área de segurança e negou que tenha agido de forma truculenta, ao contrário, pediu “por gentileza” que o advogado deletasse os registros.
“Eu disse a ele que o que ele estava fazendo eu poderia denunciá-lo no Conselho de Ética da OAB e pedi por gentileza que ele apagasse as fotos que ele havia retirado da área de segurança, que os advogados tavam com acesso maior que a população, justamente porque a gente fez um perímetro interno, e aí ele concordou, pelo menos naquele momento, que ele teria se equivocado e que apagaria as fotos”, disse o delegado.
Sobre o revólver na mão na hora da abordagem a Max Araújo, o delegado diz que a arma “não era para o advogado”.
“O que chama atenção no vídeo é aquela situação talvez da arma em mãos, contudo aquilo ali não era pro advogado que eu estava com a arma na mão. Eu tava com a arma na mão justamente porque entre os populares a gente já tinha identificado alguns indivíduos com passagem de roubo e porte de arma, inclusive eu teria abordado um deles para verificar se a situação estava ok, né. Aquele momento ali é um momento delicado em que a gente estava transportando mais de 40 presos. É o que a gente chama de área operacional de farol vermelho justamente por conta do risco”, completou.
Após a repercussão do vídeo, o delegado esteve na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Acre acompanhado do secretário de Polícia Civil, Flávio Portela, para tratar sobre o assunto. Ambos foram recebidos pelo presidente da OAB, Marcos Vinicius Jardim Rodrigues, e integrantes da Comissão de Prerrogativas da entidade. Na reunião conversaram sobre o caso, que, aliás, não é o primeiro envolvendo policiais civis e advogados. O conflito é antigo e há registros semelhantes envolvendo outros advogados e agentes. A Ordem dos Advogados no Acre vai averiguar a situação.
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