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Que seja o último

Por
Narciso Mendes

Narciso Mendes


Antes que alguns oportunistas venham sugerir que sou contra ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, particularmente, àqueles que num passado bastante recente, delirantemente, aplaudiam o PT e seus governos, esclareço: sou contra o instituto do impeachment por se tratar de um instrumento do regime presidencialista de governo, do qual tenho nojo, sobretudo, na forma vigente no nosso país. Digo mais: se vivêssemos sob a égide do regime parlamentarista, a presidente Dilma Rousseff já estaria fora do poder e a nossa crise política, em particular, não teria chegado aonde chegou. Em tempo: se não apoiei o PT nos seus áureos tempos, não seria agora que iria apoiá-lo. Sou contra o impeachment porque sou adepto do regime parlamentarista, neste sim, governante incompetente não esquenta a cadeira do poder.


Erra, grotescamente, quem avaliar que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff guarda algumas semelhanças com aquele que determinou o bota-fora do então presidente Collor. Não, não e não. Naquele, tínhamos um presidente que havia sido eleito por um partideco que apenas havia emprestado sua sigla para permitir sua candidatura, no caso, o PRN. Segundo: do ex-presidente Collor diga-se o que se quiser dizer, menos que ele tenha criado dificuldades as investigações que determinaram o seu impeachment, tampouco contra a instalação e funcionamento das investigações que lhes dera azo, no caso, a CPI do PC Farias. E o mais importante: àquela época, o nosso país vivia uma crise, gravíssima, porém de natureza eminentemente política.


Em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, por mais breve que seja o seu desfecho, ainda assim, o tempo que demandará só fará agravar as nossas crises, sobretudo, a de natureza econômica, esta por sua vez, a causa preponderante da insatisfação da nossa sociedade, pois dela deriva suas mais perversas conseqüências: desemprego, arrocho salarial, inflação, etc.


Se consumado o impeachment da presente Dilma Rousseff, certamente, a nossa crise política será arrefecida, mas nunca de forma duradoura, a não ser que a maioria parlamentar que o alçara ao poder se dispuser a apoiar o ajuste fiscal, duro e doído, que o seu sucessor natural, o então presidente Michel Temer terá que fazer, até porque, se a referida maioria lhes negar apoio para aprovar medidas antipopulares, ou seja, anti-ruas, as crises recrudescerão, e ainda mais intensamente. E não se surpreendam se forem taxados de golpistas, posto que, na oposição, o PT e seus aliados sabem como encher ruas.


Sou contra a qualquer processo de impeachment, por se tratar de um instrumento de um regime provocador de crises, sobretudo sob a forma de presidencialismo de coalizão, a exemplo do nosso, no qual, nem o presidente preside e nem os partidos se coalizam.


Quem sabe se uma renúncia negociada da presidente Dilma Rosseff ou o estabelecimento de um governo de união nacional, com ela própria mantendo-se no poder, portanto, suprapartidariamente, não encurtaria o caminho para a superação das nossas crises.


Pena que não temos estadistas para conduzir negociações desta ordem e natureza!


Narciso Mendes de Assis é engenheiro civil, empresário da construção civil de das comunicações e já ocupou mandatos de deputado estadual e federal. Hoje se dedica as suas empresas de comunicação. Atualmente dirige o jornal O Rio Branco, o mais antigo do Acre.


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