* Luiz Calixto
Preservadas todas as proporções, a interceptação telefônica autorizada pelo juiz Sérgio Moro que captou as conversas entre o senador Jorge Viana e o compadre de Lula, Roberto “não sei das quantas”, é mais grave que o papo entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Naquela ocasião, o bicheiro goiano cobrava do seu senador conterrâneo agilidade na tramitação de projetos de leis de seu interesse no Senado Federal.
Com a popularidade nas nuvens e Cachoeira descendo na correnteza da indecência, foi fácil para o governo petista ferrar e cassar o parlamentar que mais aporrinhava o PT naquela época.
Na hora errada, Jorge Viana tagarelou e meteu seu bedelho em situação mais comprometedora.
Dos cafundós do Judas, o senador acreano ligou para o compadre de Lula propondo a insubordinação judicial do investigado.
De acordo com a ideia de jerico do nosso senador, Lula deveria aproveitar-se do restinho de sua popularidade para jogar o povo que ainda se deixa seduzir pela lábia dele contra o juiz Moro e os delegados e procuradores federais.
A trama se desenvolveria da seguinte forma: numa segunda-feira, o Lula convocaria uma entrevista coletiva para posar como vítima e provocar seus algozes dizendo que estes agiam à margem da lei como verdadeiros bandidos.
Feito isso, indignado, segundo Jorge, o povo sairia às ruas contra a perseguição a Lula e a sua família.
Se a armação desse resultado, de heróis queridos Moro e a Força Tarefa que destampou a fossa do governo petista seriam transformados em bandidos, impedidos de irem ao supermercado para não darem de cara com o povo.
Jorge não contou que o jogo não é para amadores e foi exposto nacionalmente como um parlamentar cuja única contribuição à decência do país foi meter o bedelho numa hora gravada para forjar uma cena.
O que era uma ligação anunciando a descoberta da pólvora acabou transformando Jorge, que sempre quis aparecer como a flor no meio do lodo, no construtor de balas para atingir caráteres.
No Acre isso não é novidade. Aqui o PT sempre agiu assim.
Sempre usou as coletivas na imprensa oficial e bajuladora para rotular todos aqueles que representavam, ao menos, um cisco no caminho deles.
Como na boca de quem não presta ninguém vale nada, o PT especializou-se em destruir reputações.
A atitude do senador petista preenche todos os requisitos para se configurar como um grave crime de intervenção espúria nas apurações da Lava Jato.
Jorge sabe o tamanho da enrascada que se meteu e, por isso, deve estar com ouvido que não passa um zunido.
A salvação dele é o espirito de corpo existente no senado.
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