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Opinião: A escolha de Sofia

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Narciso Mendes

Narciso Mendes*


O regime presidencialista está correndo o risco de perder a única referência positiva.


O mundo está assistindo com absoluta preocupação, diria até, amedrontado, o desfecho das prévias que escolherá os candidatos que disputarão a sucessão do presidente Barack Obama, até porque, nos seus 227 anos de existência, ou mais precisamente, desde o ano 1789, quando da eleição do seu primeiro presidente, George Washington, o presidencialismo americano foi sendo estruturado de forma a permitir que apenas que os candidatos do partido republicano e do partido democrata tenham condições de se tornar presidente, ainda que sua estrutura partidária abrigue quase uma centena de partidos políticos e sua legislação permita as chamadas candidaturas independentes.


A despeito de sua quase exemplar estruturação partidária, o regime presidencialista vigente nos EUA nunca se preocupou em reparar o seu mais gravíssimo vício de origem, qual seja, o de conferir ao presidente eleito, um mandato com prazo fixo e determinado, independente de sua capacidade gerencial e política. Lá, um presidente só poderá ser afastado do poder após restar comprovado a sua participação direta num crime de responsabilidade. Cá entre nós, também. Em última análise, é um regime convivente com a incompetência, e pior ainda, possibilita que um aventureiro político assuma o poder.


Em se confirmando que a disputa se dará entre Donaldo Trump e Hillary Clinton, e tudo leva a crer que sim, daí provém toda sorte de  preocupações, diria até, o medo, que a sucessão presidencial de Barack Obama vem provocando, até porque, para o próprio partido republicano, vê-se representado pela candidatura Donaldo Trump,     jamais esteve nem nos seus mais pessimistas prognósticos. Tampouco os eleitores americanos se imaginariam tendo que escolher entre dois males o menor, algo assemelhado ao que se convencionou chamar de escolha de Sofia, até porque, se a pré-candidatura Donaldo Trump tinha tudo para ser atropelada nas prévias, e não foi, pelo contrário, saiu atropelando todos os seus concorrestes, nada garante que na derradeira disputa, a própria Hillary Clinton venha ser atropelada.


Se dotado de uma estrutura partidária que vem dos anos 1.700 o regime presidencialista dos EUA vê-se diante da possibilidade de ter o aventureiro Donaldo Trump como seu presidente, o que poderemos esperar do nosso regime presidencialista, o pior do mundo, e ainda por cima, apoiado numa estrutura partidária anárquica, fisiológica, oportunista, nojenta, vagabunda e corrupta?


No regime presidencialista, é na esteira de uma grave crise, e mais ainda, de várias delas, como vem ver o nosso caso, que o aventureirismo costuma recrudescer. Enquanto Isto, no regime parlamentarista, os aventureiros e os incompetentes não esquentam as cadeiras do poder. De mais a mais, se vivêssemos sob sua égide, pelo menos as nossas crises não teriam chegado aonde chegaram.


Portanto, parlamentarismo-já!


 


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