Os problemas no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), o Pronto Socorro (PS), que fica no Bosque, não param de aparecer. Uma adolescente de apenas 14 anos, Ingridy Holanda, perdeu a visão tamanha demora que teve de enfrentar ao buscar socorro na unidade pública de saúde. Mesmo em estado grave, a jovem teria sido classificada de forma errada, o que retardou o atendimento.
De acordo com a mãe da menina, a trabalhadora Cleide de Morais, ainda em casa a garota teria se queixado de uma dor no olho esquerdo, sentida após uma queda de pressão. Logo ao amanhecer, a menina percebeu uma deformação no olho, “e achou estranho porque não bateu em nada, e a dor estava ainda mais intensa” deixando-a nervosa.
“Foi aí que a gente procurou logo um médico, mas não estávamos encontrando um oftalmologista com vaga para a Ingridy. Ela só falava numa dor. Eu fiquei aflita! Foi quando me disseram para ir ao Pronto Socorro, e isso já era umas 10 horas, e eu fui lá, mas me decepcionei com a demora e com o médico, que não apareceu. Nos disseram que agora só um transplante de córneas para ela enxergar”, relata a mulher mãe da menina.
O caso foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que encaminhou Nota assinada pelo diretor do PS, Rodson Souza. O atendimento ocorreu “no dia 12 de fevereiro, às 16h13min”, e a menina estava “acompanhada pela mãe, onde relatou ter sofrido um trauma ocular. Foi realizado boletim de emergência para atendimento no ambulatório”, explica ao dizer o seguinte:
“Antes de ser encaminhada ao ambulatório, a paciente foi chamada pelo setor de classificação de risco, duas vezes, para o atendimento, porem não se encontrava no local”, completa o diretor.
As informações foram desmentidas pela mãe da menina, que afirma não ter sido atendida no setor de emergência, ainda que apresentasse um grave problema. “A gente foi classificado como ‘cor azul’, e a pessoa lá disse que íamos ter que aguardar normalmente. Eu questionei, mas disseram que tinha que aguardar o clínico-geral”, denuncia.
Segundo a menina, a espera foi “por um bom tempo”, até que o clínico “viu o olho e disse que não podia fazer nada. Ele disse que eu não era para ter esperado tanto tempo, que foi ruim. Falou que não era especialista e mandou chamar urgente um oftalmologista. Depois, esse médico nem apareceu e eu só fui atendida pela noite, quando voltamos, e a doutora me avaliou e ficou preocupada”, diz Ingridy,
Ainda segundo a paciente, agora, “ela não pode nem estudar mais, porque força a visão, os olhos. Tenho até vergonha de olhar para as pessoas. É complicado”, desabafa a garota que, segundo a mãe, tem apresentado quadro depressivo nos últimos dias.
Nessa semana, Ingridy tem buscado atendimento no Hospital das Clínicas (HC), para onde foi encaminhada pelos médicos. Lá, tem encontrado dificuldades para agendar a primeira consulta para o transplante de córneas. “Nos informaram que deve demorar uns dois ou três meses para a primeira consulta. Eu não sei o que fazer. Preciso de ajuda!”, finaliza a menina.
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