A presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista publicada nesta sexta-feira (26) pelo jornal chileno “El Mercurio” que a oposição quer tirá-la do poder por meios “ilegítimos e ilegais”. Na entrevista, ela também falou sobre a crise econômica que o país enfrenta e disse que o governo trabalha “intensamente” para conter a alta da inflação.
Dilma embarcou na manhã desta sexta para Santiago, capital do Chile, onde cumprirá agenda oficial ao longo desta sexta. O Palácio do Planalto ainda não confirma quando a presidente voltará ao país, porque, neste sábado (27), ela pretende participar de um encontro da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
“Independentemente das tentativas dos setores da oposição de me remover da presidência por meios ilegítimos e ilegais, seguirei cumprindo com o que me ordena a Constituição. Temos grandes temas que merecem nossa atenção, tais como a reforma da Previdência Social. O Brasil não pode e não vai parar”, disse a presidente.
Dilma enfrenta um processo de impeachment na Câmara dos Deputados após o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolher pedido movido pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.
Além disso, ela e o vice, Michel Temer, também enfrentam processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o PSDB mover ação pedindo a cassação do mandato deles e a impugnação da chapa que os elegeu em 2014 sob a argumentação de que houve abuso de poder econômico na campanha eleitoral daquele ano.
Na entrevista ao “El Mercurio”, Dilma afirmou que, apesar de o Brasil ter uma democracia “jovem”, o país tem instituições “sólidas” e poderes independentes. A presidente também ressaltou, como tem feito em eventos públicos dos quais participa, que o poder Judiciário, aPolícia Federal e os órgãos de controle têm atuado com “total liberdade”.
“Não existe nenhuma dúvida contra mim relativa a denúncias de corrupção. Tenho a consciência tranquila de que não cometi nenhum delito”, declarou a petista ao jornal.
“A solução para as diferenças políticas em uma sociedade democrática são o diálogo efetivo, a apresentação de propostas que contribuem para superar as dificuldades momentâneas e defender os interesses nacionais do país”, acrescentou.
Segundo a presidente, alguns setores da oposição vinham apostando na ideia do “quanto pior, melhor”, mas já têm mostrado “maior disposição ao diálogo democrático e maduro”. “O governo está aberto ao diálogo com todos”, ressaltou.
Crise econômica
Dilma também foi abordada pelo jornal sobre a atual crise econômica que o Brasil enfrenta. Ao “El Mercurio”, a presidente disse que o país está promovendo desde o ano passado um “forte ajuste fiscal”, que, segundo ela, significou a redução de R$ 135 bilhões em gastos no ano passado.
A petista citou o corte no Orçamento (R$ 23,4 bilhões) anunciado na semana passada e disse que o governo enviará “nos próximos meses” uma proposta ao Congresso Nacional para que o país possa “fortalecer a sustabilidade fiscal no médio e longo prazos.”
“A economia brasileira está passando por um momento de transição, adaptando-se a novas realidades internacionais. O superciclo das commodities, que beneficiou fortemente os países da região, se reduziu drasticamente. Estamos enfrentando os desafios econômicos com transparência e responsabildiade, trabalhando intensamente para fortalecer a situação fiscal e reduzir a inflação”, disse.
A presidente citou como estratégias do governo para combater a crise econômica o Plano de Investimento em Logística, o Programa de Investimentos em Energia Elétrica, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Proteção ao Emprego.
“Seguiremos enfrentando as dificuldades econômicas com grande sentido de responsabilidade com o futuro do país, estabelecendo as bases para um crescimento sólido e sustentável”, acrescentou.