Acostumada a ser tratada feito gado nos estádios, os protestos recentes da torcida corintiana na arquibancada são uma prova de que é possível tirar essa pecha do futebol brasileiro – ou parte dela. Basta ir em frente com as reivindicações.
Em primeiro lugar, no entanto, é preciso pontuar algumas questões. Não se iluda que ações de torcidas organizadas sejam independentes do clube – a maioria delas é concatenada com ideias estapafúrdias de dirigentes, inclusive àquelas de coação de jogadores em centros de treinamento para “dar mais sangue” à equipe.
O fato é que os times costumam financiar essas organizações de alguma forma (seja com ingressos de partidas, transporte etc.). Torcida organizada é um negócio, com associados que pagam mensalidades. A venda de produtos correlatos e atividades diversas, como festas, dão giro no caixa.
Alguém também pode estar se perguntando sobre ilicitudes (vendas de drogas etc.), mas isso é a face podre – num ambiente tão desregulado, há brechas imensas para atividades suspeitas.
Do outro lado, é legítimo a torcida organizada reivindicar apoio dos clubes – não tem sentido algum não fazer isso, com tanto retorno que dão aos times nas arquibancadas em termos de imagem e vínculo.
Dito isso, os seus atos cobrando transparência do clube e do futebol brasileiro são um passo a mais, apesar das relações muitas vezes promíscuas com os clubes.
Porém, o que se observa nos anos recentes é certa independência das demandas – inclusive as recentes do Corinthians. A torcida do Santos tanto reclamou do desprezo da Globo aos seus jogos, que o clube fechou com Esporte Interativo acordo de transmissão fechada de suas partidas do Campeonato Brasileiro a partir de 2019.
A do Corinthians hoje pede mais transparência da gestão do clube, mas não é só. Foi para cima do preço dos ingressos – reinvindicação antiga, aliás –; do falso moralista Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, que se tornou político combatendo as torcidas organizadas, mas no fim se envolveu numa das práticas mais execráveis de um homem público: possível desvio de dinheiro de merenda escolar; e do absurdo horário das partidas de futebol para atender a detentora dos direitos de transmissão de TV, a Globo.
Se continuar com esses protestos, com visível independência dos clubes, as torcidas organizadas podem começar a transpor a desconfiança que cercam suas atividades, e passar a ser vistas como peso relevante para mudar o futebol brasileiro.
Aí vai ser difícil o establishment segurar a massa.
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