Sem ter para onde apelar, a solução é chegar cedo à fila da Defensoria Pública em Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do Acre. Sem dinheiro para arcar com os custos de um advogado, os cidadãos enfrentam a espera, e recebem do órgão a assistência jurídica integral. Isso, claro, após esperar por horas uma vaga para atendimento.
Um desses cidadãos é a dona de casa Maria Peregrina dos Santos, de 43 anos. Ela conta que precisou chegar pela madrugada na sede do órgão, e que acabou esperando oito horas na fila. O fato é que, ao entrar no local, foi informada que não seria mais atendida, devido ao número de outros usuários que haviam buscado os serviços.
“Isso aqui é uma vergonha. Esses defensores são pouco para atender toda a demanda. Fiquei várias horas lá na fila, mas acabei nem sendo atendida. Preciso que eles [os defensores públicos] me ajudem, mas é tanta gente que eles não estão conseguindo. A gente fica muito indignado com essa situação”, reclama a mulher.
Antônio Lima, de 49 anos, é outro popular que buscou os serviços do órgão estadual. Sem saber o que fazer, agora que não consegui vaga, ele teme ser preso por não pagar a pensa alimentícia da filha em dia. “Aqui eles só atendem 18 pessoas. Mais que isso, impossível. Pelo que dizem só tem duas defensoras aí, e elas não tão dando conta de todo o serviço”, comenta.
Procurada a Defensoria Pública justificou a demora, e destacou que são apenas dois defensores para daar conta de processos assinados por seis juízes. Ainda segundo o órgão, os atendimentos ocorrem apenas nas segundas, terças e quartas-feiras. Nas quintas e sextas-feiras, os trabalhos são feitos internamente. “Eu lamento profundamente.
Estamos trabalhando para que esse tempo de espera diminua. Nossos defensores estão dando o melhor lá em Cruzeiro, mas realmente são muitas demandas”, disse o corregedor da DPE, Gerson Boaventura.