Jorge Viana (PT), Gladson Cameli (PP) e Sergio Petecão (PSD)
Os parlamentares do Acre poderiam se espelhar no exemplo do deputado federal Tiririca (PR), que apesar de ser considerado um palhaço, vem tratando com seriedade sua função de representante público na Câmara dos deputados, em Brasília, como um dos parlamentares mais assíduos no Congresso Nacional. De acordo com levantamento realizado portal Congresso em Foco, os três senadores do Acre estão entre os mais faltosos entre os meses de fevereiro e dezembro de 2015. Todos os senadores acumularam 1.236 faltas no ano passado.
Segundo reportagem do Congresso em Foco, do total de faltas dos 81 senadores, 86% foram perdoadas pelo Senado devido à apresentação de justificativas. Ou seja, nesses casos, os parlamentares não tiveram desconto no salário e ainda se livraram do risco de perder o mandato. Pela Constituição, quem falta a mais de um terço das sessões destinadas a votação sem justificar está sujeito a ser cassado. O senador Gladson Cameli (PP) é o quarto colocado na lista de faltosos, ocupando uma posição de destaque no seu primeiro ano de mandato.
A planilha apresentada na reportagem revela que o progressista Gladson Cameli teria faltado 41 vezes aos trabalhos no Senado Federal e justificado somente duas de suas ausências. Apenas dois senadores registraram presença em todas as 127 sessões reservada a votação em 2015: Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e ex-jogador Romário (PSB-RJ). O senador Jorge Viana (PT) também aparece como um dos mais faltosos do Congresso. O petista acreano ocupa a 14a colocação com 25 faltas – ele teria apresentado justificativa para cinco faltas.
Para não ficar feio na fita com os seus colegas de bancada que deixaram de comparecer nas sessões, o senador Sérgio Petecão (PSD) não ficou para trás na contagem do número de vezes que os representantes do Estado deixaram de comparecer aos trabalhos em Brasília. O parlamentar que se auto-intitula de 100% popular deixou sua marca na lista dos senadores mais faltosos em 2015. Petecão ocupa a 16a colocação cravando 25 faltas e não apresentando nenhuma justificativa para as vezes que deixou de comparecer nas sessões.
Por telefone, o senador Gladson Cameli apresentou sua versão do levantamento do Congresso em Foco. Ele afirma que todas as suas faltas foram justificadas e que nas vezes que foi obrigado a se ausentar nos trabalhos no Congresso Nacional foi para representar o Senado em missões oficiais fora do país. Cameli destaca que duas de suas faltas foram ocasionadas por problemas em voos que saiam do Acre para Brasília. O parlamentar ressalta que algumas de suas faltas foram ocasionadas pelas atribuições do cargo de terceiro secretário da Mesa.
“Você sabe que estamos passando por um momento de crise desde o ano passado, impossibilitando que o presidente Renan se afaste do Senado. Neste período, ele designou os membros da Mesa para representa-lo em eventos oficiais fora do país. Neste caso não podemos contabilizar como falta, já que eu estava representando o Senado em agendas oficiais, eu estava a serviço do Senado. Todas as faltas estão justificadas. Duas delas foram por problemas nos horários dos voos, mas tudo relatado e justificado no Senado”, diz Cameli.
Já o senador Sérgio Petecão disse que suas ausências no Senado Federal não foram motivadas por viagens internacionais, “como foi o caso do senador Jorge Viana, um dos que mais faz viagens internacionais e o senador Gladson, dois políticos que contam com uma estrutura muito maior que a minha. Se faltei algumas vezes foi para resolver problemas no Acre, não para fazer passeios ou viagens fora do Brasil. Sou senador do povo acreano, não tenho que estar em outros países para representar nosso Estado”, destaca o senador.
Petecão destaca ainda que a crise econômica que desvalorizou o real frente ao dólar é um entrave para os parlamentares brasileiros que na maioria das vezes não conseguem pagar os hotéis foram do Brasil. “Eu às vezes tenho faltas por que venho quarta à noite para o Acre, mas justifico que estas vindas ao Estado atendem interesses parlamentares. Não viajo para outros países porque as diárias que o Senado oferece não compensam. Eu não tenho condições de viajar, os outros têm mais condições que eu pela estrutura que possuem”.
O senador Jorge Viana, primeiro vice-presidente do Senado, contestou os dados divulgados pelo levantamento realizado pelo Congresso em Foco. De acordo com o petista no caso dele, os números estão errados. Viana encaminhou uma certidão da secretaria geral da Mesa do Senado informando que “não foi verificada nenhuma ausência não justificada em sessões deliberativas, havendo tão-somente o registro de 18 ausências justificadas documentalmente e uma presença registrada no painel eletrônico sem registro de votação”.
Segundo a assessoria de Viana, “foram encontrados erros no material divulgado que mudam bastante os fatos. O senador não tem nenhuma falta injustificada em 2015 e teve 18 ausências justificadas por cumprir missões como vice-presidente do Senado Federal ou atividades políticas no Acre. Além disso, teve ao longo do ano 1 presença no plenário do Senado Federal sem registro de votação. A assessoria do senador já encaminhou oficialmente para o Congresso em Foco o pedido de correção dos dados”.
